UM AMOR PARA ALÉM DA
VIDA
Sofia está prestes a se casar. Mas seu
noivo, Paulo, não lhe agrada nem um pouco. Ela só está casando por que seu
pai, Sr. Léven tem uma dívida enorme e o dinheiro de Paulo pode ajudá-lo.
- Papai isso não vai dar certo – disse Sofia
– eu não serei feliz casando com o Paulo
- Eu sei filha, mas não tem outro jeito.
Naquela mesma noite, Sofia acorda assustada
e liga para Paulo. Ele diz que está próximo ao lago da chacra da família
Léven e que não é para Sofia ir atrás dele. Porém ela vai.
Chegando lá, ela vê que Paulo não está
sozinho. Ele está com Estefani, a “melhor amiga” de Sofia, em ato de traição.
Sofia com muita raiva empurra Estefani, que não sabe nadar, para o lago. Paulo pula para salvá-la. Chorando, Sofia arranca a aliança de seu dedo e joga para Paulo:
- Pega esta porcaria e coloque no dedo dessa... dessa
vadia... E não pense que vamos nos casar!
Dito isto, ela corre para o meio da
floresta, até sair do outro lado, onde existe um castelo, que pertencera à
família Larsson, cujo ultimo herdeiro, Lionel Larsson, fora morto pelo próprio
tio. Este último teria cometido suicídio meses mais tarde.
A garota cai de joelhos e começa a chorar.
Logo, uma forte chuva começa a cair. Sofia entra no castelo para se abrigar. Ela sube por uma escada e entra em um quarto. Deita sobre a
cama e dorme. Ao seu lado uma misteriosa figura a observa.
No dia seguinte, ao acordar, Sofia vai até a
cozinha e, encontra uma mesa posta para o café da manhã. Estranhando o fato
pergunta a si mesma, porém em voz alta como era possível ou se era possível.
- Será que posso comer?
- Pode comer o que quiser moça, esteja à
vontade
Sofia vira-se e assusta-se com a misteriosa
figura à sua frente. Um homem alto, cabelos longos e pele muito, muito pálida, quase
sem cor. Trajava roupas de uma época provavelmente remota.
- Desculpe, não quis assustá-la. Permita que
eu me apresente, sou Lionel Larsson, o ultimo herdeiro da família Larsson, a
seu dispor – ele curva-se e beija a mão da moça – e você quem é?
- Sofia, Sofia Léven... Espera um pouco, você
disse que é Lionel Larsson?
- Sim, sou Lionel Larsson
- Não, isso não é possível. Lionel Larsson morreu
a mais de cem anos.
- Sim, fui morto pelo meu irmão. Morri
protegendo meu tesouro.
- Eu sei. Conheço sua história... Espera, você foi morto pr eu tio
- não, não, está equivocada. Minha mãe era Grizela Larsson. Meus irmãos era Jerimiah, Lisandra, Jefferson e Madeline. Quem me matou foi Jerimiah.
- acho que a verdade só veio a tona depois de sua morte. Sua mãe era Madeline!
- como? Quando nasci Madeline tinha apenas 12 anos.
- foi por isso que sua avó resolveu escondê-la durante a gestação e ambas decidiram viajar e só voltar quando o bebê já estivesse nascido, assim, poderiam dizer que o bebê era de Grizela e não de Madeline...
- para evitar escandá-los. Entendo...
- Mas eu não entendo uma coisa, se você
morreu como estamos conversando? Você é um... um fantasma?
- Acho que sim
- Eu só posso estar ficando louca.
No mesmo instante, Paulo entra desesperado na
casa do Sr. Léven procurando por Sofia. O pai da moça toma café com seu filho
mais novo, Tom, e lê o jornal.
- Onde ela está. Preciso falar com ela? – diz
Paulo. Sr. Léven larga o jornal e levanta-se
- Acalme-se Paulo. O que houve?
- Preciso falar com Sofia.
- Tom, vá chamar sua irmã.
O menino sai pelo corredor
- Sente-se Paulo. Aceita uma xicara de café?
Tom volta
- Pai, a Sofia não está em lugar nenhum.
- Como não está em lugar nenhum?
- Sr. Léven, acho que sei onde ela pode
estar. Venham comigo.
De volta ao castelo, Sofia olha para seu
relógio de pulso:
- Santo Deus!
- O que houve?
- Já são quase dez horas. Meu pai deve estar
preocupado. É melhor eu ir.
Então ela despede-se de Lionel e vai embora pelo mesmo caminho.
Chegando a casa da chacra, seu pai a interroga sobre seu paradeiro. Ela
responde:
- Eu passei a noite no castelo dos Larsson,
até falei com o fantasma do Lionel Lar... Pera aí, o fantasma, quer dizer, o
Lionel Larsson não protegia um tesouro?
- Sim, mas por quê?
- Então eu não preciso mais casar com o Paulo.
Eu vou voltar ao castelo e procurar esse tesouro.
- Filha talvez isso não seja uma boa ideia
- Eu vou papai. E não tente me impedir.
Sofia volta para o castelo. Quando entra
pede para o fantasma de Lionel mostrar o lugar onde está o tesouro. No entanto, Lionel se recusou:
- Por quê? - questiona Sofia
- Esse tesouro está na minha família há
séculos, não posso simplesmente entrega-lo a você.
- E então?
- Case-se comigo e terá todo o tesouro
- Você é louco? Não posso me casar com um
fantasma
- E por que não?
- Por que... Seria loucura, e nem sei se
você é quem diz ser... – ela faz uma pausa e respira fundo - Não vai me dar o
tesouro mesmo?
- Só se você casar comigo
- Nesse caso...
- Nesse caso o que?
- Eu mesma vou procurar este tesouro, e só
paro quando encontrar!
- Boa sorte
Decidida, Sofia se põe a caçar o tesouro.
Anda por todos os cômodos até chegar a uma torre onde em um canto jaz o
corpo de Lionel Larsson. Nisto o fantasma do mesmo aparece:
- O que houve? - pergunta ele
- É você! - olhava ela para o cadáver e para
o fantasma - é você que está ali?
- Claro que sou eu. Quem esperou que fosse? A
Rainha da Inglaterra?
Os dois riem. O telefone celular de Sofia
toca. Ela atende. Do outro lado uma voz trêmula e nervosa lhe fala que perdera
a sua residência. Era Sr. Léven, pai de Sofia. Depois de terminada a ligação, Sofia
começa a chorar:
- O que aconteceu? Por que está chorando?
- Meu pai perdeu nossa residência, agora
estamos na rua - diz ela abraçando o fantasma - o que eu faço Lionel?
- Diz para seu pai vir morar aqui, tenho
quartos de sobra
- Obrigada. O posso fazer para agradecer?
- Case-se comigo
- Não insista.
No minuto seguinte, a moça liga para seu pai
e conta as novidades. Sr. Léven e Tom vão de mala e cuia para o castelo.
Lionel oferece quartos a todos. À noite, Sofia se prepara
para dormir quando nota no quarto a presença de Lionel:
- O que faz aqui? Pensei que este aposento
fosse meu
- Sim é seu também
- Também?
- Esqueci-me de te falar que este quarto
pertence a mim, mas fique tranquila, não ousarei encostar um só dedo em você.
- É bom mesmo.
- Boa Noite, Sofia.
- Boa noite
E como prometido, Lionel não tocou em Sofia a
não ser no momento em que ela quase caiu da cama. Ao acordarem, ela assusta-se ao perceber que estavam abraçados, e grita. Sr. Léven vai correndo ver o
que estava havendo, e no quarto respondem-lhe que não houvera nada. Durante o café da manhã, Lionel insiste no pedido de casamento e, desta vez Sr. Léven
lhe dá apoio:
- Filha, por que não casa com o Lionel? Ele
me parece um bom rapaz
- Sim papai, mas ele está morto. Como posso
me casar com um fantasma?
- Ora, é só marcarmos a data, comprarmos um
vestido de noiva para você e... Onde vocês pensam passar a lua de mel?
Todos riem menos Sofia que responde:
- Muito engraçado pai, muito engraçado .
Dizendo isto, ela sobe para o quarto onde
desabafa:
- Mas o pior é que estou mesmo me apaixonando
pelo Lionel... E agora o que eu faço? Ele é um fantasma, não posso me casar com
ele, ou posso?
Nisso ela senta na cama e olha para o velho
baú aberto a sua frente. No fundo dele via-se uma abertura de onde emanava um pequeno feixe de brilho. Rapidamente
ela esvasia o baú para investigar, descobrindo um fundo falso.
- Pai, venha ver - grita ela surpresa com o
que vira
Quando Sr. Léven e Tom chegaram ao quarto não
puderam acreditar no que viram: Sofia havia encontrado o tesouro da família
Larsson. Lionel entra no quarto.
- Agora posso pagar a dívida. Poderemos voltar
para nossa casa! Sofia arrume sua mala que vamos partir
- Mas pai...
- Nada de mas. Não era isso o que queria?
- Está bem
- Despeça-se do seu amigo, pegue o ouro e
vamos
- Adeus Lionel
- Adeus Sofia. Espero que voltemos a nos ver
- Eu também
Os dois se abraçam
- Deixe-me pegar minha parte do tesouro
- Sua parte? Ora, pode ficar com tudo .
- Não Lionel, ele pertence a você .
- Como disse eu sou um fantasma, estava aqui
só para proteger este tesouro, mas agora que você achou, não pertence mais a
mim. Leve tudo!
Sofia coloca a mão dentro do baú, retira
algumas moedas de ouro e vai embora chorando. Lionel olha para o resto de seu
tesouro no baú e começa também a chorar.
Os meses passam-se e Paulo pede perdão a Sofia
e os dois reatam o noivado. Na véspera do casamento, Sofia, da sacada da casa,
desabafa para as estrelas.
- Como pude ser tão tonta? Eu simplesmente
desperdicei um amor verdadeiro... E em troca... Me perdoa
Lionel
- Falando sozinha, mana? - questiona Tom
aproximando-se de Sofia
- Não mano, só estava pensando no Lionel
- Você o ama, não é?
- É, mas eu vou me casar com Paulo amanhã...
Só que, eu não quero
- Ora, é só dizer "não"
- Falar é fácil
- Não querer casar com o Paulo também
Os dois riem.
- Está ficando tarde, melhor irmos dormir -
disse Sofia ao irmão
- Está certo, boa noite!
- Boa noite
Dessa forma, as luzes de toda cidade se
apagam e quase todos os olhos se fecham. Enquanto toda a cidade mantem-se
silenciada pela noite, duas almas estão acordadas, Sofia e Lionel, duas
almas ligadas por um tipo raro de amor, um amor puro, inocente, que nem o
"até que a morte nos separe" é capaz de cessar, um amor verdadeiro.
No dia seguinte, lá por umas seis e tantas da
tarde, Magda, a costureira, ajuda Sofia com o vestido do casamento:
- Está linda. É a noiva mais linda que eu já
vesti, e olha que já vesti muitasnoivas.
- Obrigada Magda - responde a noiva sem
ânimo nenhum
- Mas por que está tão triste? Não está feliz
com seu casamento?
- Não Magda. Paulo não é o cara certo. Eu amo
outro
- Quer dizer que vai dizer não ao seu noivo?
- É o que eu quero, mas...
- Não sabe se vai conseguir?
- Isso mesmo
- Olha, pense bem. O que é pior? Casar com
quem você não ama ou ver quem você ama casar com outro?
- você tem razão. Não vou casar com o Paulo
- Cadê a noiva mais linda desse mundo?
- questiona Sr. Léven
- E existem outros mundos pai?
- É claro que não. Vamos que está atrasada
- Toda noiva se atrasa Sr. Léven - retruca
Magda
- É verdade
Então eles vão para a igreja onde, no altar
Paulo aguarda a chegada de sua noiva. Ela chega ao
altar e os noivos se aproximam do sacerdote.
- Estamos aqui reunidos para celebrar a união
dessas duas almas nos laços do sagrado matrimonio... - diz o padre enquanto Sofia
começa a chorar:
- Paulo, aceita Sofia como sua legítima
esposa prometendo amá-la e respeitá-la na saúde e na doença, na alegria e na
tristeza todos os dias de sua vida até que a morte os separe? - pergunta o padre
- Aceito - o noivo responde
- E você Sofia Aceita Paulo como seu
legítimo esposo prometendo amá-lo e respeitá-lo na saúde e na doença, na
alegria e na tristeza todos os dias de sua vida até que a morte os separe?
Neste momento passa um filme na frente
de Sofia. Nas cenas deste filme, ela recordava de como fora feliz vivendo
com Lionel, mesmo que por pouco tempo. E decidida ela respondeu:
- Não!
- Oh! - os convidados exclamaram
- Mas por que não? Eu pensei que você me amava
- Disse bem, amava, ou melhor, eu nunca amei
você. Eu amo o Lionel
Então ela deixa a igreja e vai até o
castelo de Lionel:
- Lionel! – chama ela
- Sofia? Sofia é você?
- Sim Lionel. Eu voltei e jamais irei embora
novamente
- Mas por que está vestida de noiva?
- Para me casar com você
- O qu...?
Antes que Lionel pudesse completar sua fala Sofia
o beijou. Meses depois eles se casam.
Passados alguns anos, Paulo vai até o castelo e diz a Sofia que foi buscá-la e
que os dois vão se casar.
- Só por cima do meu cadáver – disse Lionel
- Você já é um cadáver seu idiota – respondeu
Paulo
- Ah é verdade... Mas só levará Sofia se
passar por mim
- Tudo bem, queimo seus restos mortais
primeiro .
Paulo começa uma busca incessante pelo
castelo, até achar o que procurava. No escuro quarto da torre estão Sofia
e Lionel aflitos. Paulo entra e ve o cadáver jogado no canto, derramou álcool
sobre os ossos e panos rasgados que estavam ali e em seguida ascende um
fósforo.
- Paulo não faça isso!
- O que? Isso? – Ele joga o fósforo acesso no cadaver. Lionel começa a desaparecer:
- Paulo o que você fez seu louco?
- Apenas o que eu tinha que fazer
- Então eu farei o mesmo
Então Sofia joga-se nas chamas e deixa seu corpo ser consumido por elas. Paulo é preso. E Sofia e Lionel? Bom, eles viveram o
resto da eternidade juntos.
Autor(a): Vallery Corrêa
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