sábado, 17 de agosto de 2013

Em Busca do Amor

Em tempos passados, já fazia mais de uma década que os jovens se conheciam, visto que conheceram-se de primeira vez aos poucos minutos de vida que tinham cada um. Rebentaram juntos, mas cada um saíra de um ventre. Ele de Celeste, ela de Lindalva.

Celeste esperneava de dor, assim como Lindalva, estavam postas a dez metros uma da outra e gritavam. Salgadas lágrimas lhes escoriam pelas faces e iam parar no pesco*ço. No relógio contavam doze horas quando os bebes começaram a berrar. Nascia um novo dia, um novo mês e um novo ano. Nos primeiros segundos do ano 1990 dois pequenos de olhos claros vinham ao mundo. Henrique tinha as bochechas avantajadas e coradas, e pesava pouco mais de três quilos. Vanda era mais miúda, não pesava mais de dois quilos e oitocentas gramas.

Foram os bebes limpos e enrolados em macias toalhas e entregues as mães. Conversavam as duas, lembravam-se dos momentos que passaram juntas ainda no colegial, ainda moças, de boa aparência, alegres, e sempre dispostas. Os longos cabelos negros que pareciam dançar quando elas andavam, o sorriso de dentes brancos, o olhar esverdeado e brilhante. Uns diziam que eram as duas filhas de mesmos pais. Agora mulheres feitas, perderam parte da vitalidade da juventude, mas ainda bonitas, sorriam como nunca haviam sorrido antes, com sorrisos que iam de orelha a orelha, olhos que lacrimejavam, tamanha era a felicidade das duas. 
Os meninos cresceram juntos, corriam por todos os cantos, era o que qualquer um chamaria de eterna amizade. Quando um ficava doente, o outro ficava a disposição para o que precisasse. Assim foram passando os anos, agora os pequenos estavam grandes, estavam entrando no colegial. Henrique era um belo rapaz, alto e magro, no rosto alguns fiapos de barba. Vanda, por sua vez, tornara-se uma bela moça, de seios fartos e cintura de pilão.

O sentimento que antes era só amizade ficava cada vez mais forte, porém Henrique quis procurar o amor em outras meninas.

A primeira foi Luciana, menina simpática e popular. Seu maior defeito é que ela não gostava de seus namorados. Depois de uns quatro meses, Vanda se deparou com uma cena tão deprimente que chegava a cortar o coração: Henrique chorava como se sua mãe tivesse sido morta. Chocada, Vanda perguntou:

- Henrique o que houve? Por que está chorando?

- Luciana, ela me odeia

- Escuta, você vai encontrar alguém que te ame de verdade, apenas esqueça essa Luciana e tente de novo. Mas, lembre-se, as vezes damos a volta no universo procurando alguma coisa que pode muito bem estar bem do nosso lado

Henrique seguiu o conselho de Vanda e depois de alguns dias começou a namorar Gisele. Também não durou muito tempo. Depois que Henrique terminou com sua terceira namorada, Natalia, Vanda tomou uma importante atitude para resolver os problemas do amigo:

- Lembra que eu falei que as vezes as coisas que procuramos podem estar bem ao nosso lado e nós mesmos não percebemos?

- Sim, e você me disse também que um dia eu haveria de encontrar alguém que me amasse de verdade. Mas, por que está me dizendo isto?

- Quero que pare de procurar, quem realmente te ama está bem ao seu lado nesse momento. Pensei que você perceberia sozinho e me enganei. Então vou te dizer com todas as letras: Eu te amo! E meu amor por você é tão sincero quanto a amizade que tens por mim.

- Vanda, te darei todo o tempo do mundo, e para sempre serei teu, mas eu só serei realmente teu quando me conquistares e prometo prestar mais atenção em ti e aprender a te amar como tu me amas.

- Pois assim será, mais dia menos dia ver-me-á com os mesmos olhos que eu hoje te vejo.

E assim foi. Celeste e Lindalva já sabiam o que estava por vir, uma coisa que se pode chamar de intuição de mãe. Passados alguns dias, Henrique havia ido almoçar com alguns amigos, e no caminho da escola, em uma rua esburacada, um motorista alcoolizado, caindo de tão bêbado, não viu que o garoto Henrique atravessava a rua e nem tão pouco conseguiu parar seu carro a tempo. A sorte de Henrique foi que Vanda viu o que acontecia no local e se apressou, conseguindo empurrar Henrique de volta para a calçada. No entanto, Vanda não conseguiu chegar na calçada, sendo atingida pelo automóvel. Henrique pasmo, gritou desesperado:

- Vanda!

Correu até o corpo e tentou reanimar a moça que estava desacordada. Chamou por socorro, pediu a quem passava para que chamassem uma ambulância mas ninguém ouvia. Era como se ambos estivessem invisíveis. Henrique vendo que teria que agir por si só, tomou a moça nos braços e a levou até o hospital mais próximo. Era lá a maternidade onde nasceram Henrique e Vanda, o quarto onde foi ela colocada também era o mesmo.  Vanda fraturou a perna direita, e estava ainda desacordada. Henrique permaneceu ao lado dela até que ela acordou:

- Henrique? - Disse ela tentando acordar - o que aconteceu? Eu não sinto minha perna

- Você quebrou sua perna.

- quebrei? Como?

 - quando me salvou. Você me salvou, lembra?

- Sim lembro. E minha mãe, já foi avisada?

- Sim

- E como ela está?

- Ela está bem, você estava desacordada há alguns dias e eu disse a sua mãe que ficaria aqui com você, porque ela estava muito aflita quando te viu.

- Obrigada Henrique

- Eu é que agradeço, salvaste minha vida

- E teria morrido se... - Vanda não conseguia mais falar, sua garganta travara, sua pressão caíra  seu rosto embranqueceu e ela desmaiou. Henrique entrou em pânico:

- Não, Vanda, Vanda acorda, Vanda? Vanda! - Ele gritou fortemente e chorando chamou pela enfermeira. Esta não veio. 

Vanda estava morrendo, Henrique não vendo alternativa desabafou:

- Não morra Vanda, preciso de ti, és a única que sabe me consolar e que me entende. Eu achava que você tinha razão quando disse-me que eras quem eu procurava, mas agora tenho certeza.  Te juro Vanda, que se morreres, eu não vou aguentar viver. Eu... Eu te amo! - falando isso beijou-a intensamente. Quando seus lábios se afastaram dos lábios dela, ela depois de alguns segundos reagiu. 

Hoje já passam de dezoito anos do dia em que eles descobriram que o amor eterno deles, estava literalmente na casa ao lado. Celeste e Lindalva agora são avós de um pequeno garoto, o qual recebera o nome Igor. E como nos contos de fadas eles viveram felizes até o fim de seus dias.

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