quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Nas Cortadas da Vida

Rebeca era uma garota normal como outra qualquer. Adorava jogar vôlei e jogava muito bem, sendo a melhor levantadora do time da escola. Porém tinha apenas 1,60m de altura, jamais poderia jogar em um time de vôlei profissional.

Em certa ocasião, mudou-se de cidade e na nova escola conheceu jovens garotas que também jogavam vôlei muito bem e, como Rebeca, eram baixas. Poliana tinha 1,64 e Andreia 1,59 de altura. Lembrando-se de sua antiga escola, pensou consigo: "Se conseguíssemos juntar várias meninas na nossa faixa de altura e que saibam jogar vôlei ou pelo menos queiram aprender a jogar, poderíamos ciar juntas uma nova modalidade no vôlei".

E assim falou com Poliana e Andreia, e juntas decidiram criar sim a nova modalidade. A sede do grupo de vôlei seria no terreno baldio aos fundos da casa de Rebeca. Lá montaram algumas quadras de vôlei, as redes foram conseguidas com muito esforço  (algumas no ginásio da escola). No total dez quadras foram feitas e cada menina tinha suas próprias bolas, que juntas eram nove ou dez. Foram criados anúncios virtuais e panfletos que foram espalhados por toda cidade. Marcada uma data para as futuras jogadoras aparecerem na sede, quatro meses depois, aproximadamente 75 meninas apareceram. Dentre estas, a mais alta media 1,66 de altura.

Uma a uma as garotas foram agrupadas e assim 13 times de vôlei foram montados, e todos os dias no mesmo horário elas treinavam. Com as mesmas regras de um jogo de vôlei normal e a rede a 1,80 do chão faltava pouco para que elas se tornassem conhecidas. Apenas um detalhe as separava das quadras do vôlei profissional, algo ou alguém que pudesse leva-las até lá. A ideia surgiu de Andreia. Contatar alguns técnicos de vôlei já aposentados, de preferencia recém-aposentados, que pudessem ajuda-las.

Dessa forma, cada time de meninas ganhou um treinador. Logo a nova modalidade foi patenteada como "Vôlei das pequenas" ou "Vôlei dos pequenos" quando começaram a aparecer times masculinos na modalidade.

Os nomes dos times eram os mesmos das cidades ou regiões onde surgiam, ou adotavam o nome do time de vôlei da cidade.  Depois de tempo não determinado os times da nova modalidade já disputavam o que eles chamaram de "Super Liga dos pequenos do vôlei", e o time de Rebeca e suas amigas Poliana e Andreia ganhou as primeiras edições do campeonato.

O mundo todo soube da nova modalidade do vôlei e vários países adotaram também, dando inicio a uma nova era no esporte, e foi também criada a "Liga Mundial dos Pequenos".

Passados anos, um jogador do vôlei tradicional se apaixonou por Rebeca. Ele, Tadeu, ídolo dela. Eles se conheceram num jogo de vôlei da liga mundial das pequenas, Tadeu assistia da arquibancada e, no final do jogo foi ao encontro dela e convidou-a para ir ao cinema. Como era de se esperar ela aceitou. Enquanto eles caminhavam até lá, ele se declarou:

- Meu pai, como você sabe jogava vôlei. Minha mãe também. E, eu passei muito tempo pensando se era isso que eu queria também, casar-me com uma jogadora de vôlei. Achei até que eu fosse me casar com uma garota qualquer, mas não. Quando eu vi você jogar, não vi apenas uma jogadora, mas uma mulher, jogando como eu nunca vi e usando as mesmas táticas e jogadas técnicas que eu uso nos jogos. Parecia até que você se inspirava em mim, e eu pensei, é essa a mulher que eu quero para o resto da vida. O que eu estou tentando dizer é, casa comigo?

Rebeca ficou sem palavras, ela idolatrava aquele jogador, e realmente ela se inspirava nele para jogar. Emocionada ela responde:

- Tadeu, eu não sei o que dizer. Digo, eu amo você, mas eu não...

- Vou te dar uma ajuda

Então, Tadeu beijou-a. Ela tomou uma decisão, mas quis fazer suspense e prometeu responder depois que o filme acabasse, enquanto eles estivessem voltando para suas casas. E assim ela fez. Quando eles viraram a esquina, ela deu sua resposta:

- Sim. Eu me caso com você.

A passagem de tempo entre aquela noite e o casamento dos dois, não foi percebida. Depois de terem voltado da lua de mel compraram um majestosa casa. Nela, haviam várias passagens secretas, que levam a lugares misteriosos. Uma a uma, as passagens foram desvendadas. Faltava uma, e, mesmo que Rebeca estivesse no ultimo mês de gestação, eles decidiram explorar. A passagem levava a uma quadra de vôlei e, animados eles resolveram jogar um pouco, num ritmo lento claro. O que o casal não imaginava é que eles ficariam presos na quadra, tendo que ganhar uma partida contra seres bizarros.

O jogo ocorreu. Estando o jogo no último set, era Match Point para o casal. Tadeu foi para o saque, mas antes que ele pudesse lançar a bola, Rebeca caiu ao chão. Começa a sentir as contrações e logo entra em trabalho de parto.

- Continue sem mim - diz ela se retorcendo de dor.

Sem alternativa senão ganhar o jogo, Tadeu partiu para o último saque. A tensão foi total, e o saque, bom, o saque entrou em um incrível ponto de ace. Os dois sorriram juntos. O bebê estava nascendo, eles estavam longe de qualquer hospital. Então Tadeu tomou uma decisão: fazer o parto ali mesmo, na quadra de vôlei.


Nomeado Daniel, o bebê nasceu saudável, e hoje ele conta aos colegas de time que ele nasceu numa quadra de vôlei, o que dizia que ele havia nascido predestinado para o vôlei e nada poderia mudar isso. 

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