Vida: Uma história de amor e
Superação
Um
senhor calvo, já com seus sessenta e tantos anos, sentado em uma cadeira de
rodas, com uma estátua de anjo pequenina nas mãos em uma pequena biblioteca.
Pela porta, entra uma bela moça de uns quinze anos, cabelos negros, e
esbanjando saúde.
- Tio
Gualberto, papai já chegou. Vamos jantar daqui a pouco.
- Sim,
Gabi. Pode por isto ali na prateleira de cima? – pede o velho indicando a estatueta em suas mãos
- Claro
tio
Gabi
pega o objeto e o coloca no lugar indicado
- Um
anjinho. Que bonito – mantem-se pensativa por alguns segundos – tio, os anjos
existem mesmo?
-
Existem. E eu mesmo conheci um
- É
mesmo? Me conta.
Gabi senta-se no chão
- Está bem. Vou contar. Foi numa noite chuvosa que
aconteceu. Os quatro músicos bateram à porta de Roberta.
- Olá, nós somos a banda Fire.
Nosso ônibus quebrou aqui perto e precisamos de um lugar pra ficar. Você sabe
onde podemos encontrar algum hotel aqui por perto?
- Nesse bairro não tem hotéis.
Acho que só do outro lado da cidade deve ter algum, mas posso emprestar um
quarto para vocês passarem a noite. Entrem por favor, queiram me acompanhar.
Um quarto foi lhes emprestado.
Era grande, continha cinco camas e, ao lado deste, ficava o quarto da anfitriã.
Nick, o vocalista, ia deitar em uma das camas, quando Robson, o guitarrista
interrompe:
- Não cara, não deite agora, tu tá
todo molhado, é melhor tomar um banho e por uma roupa seca.
- Tem razão cara - fala Nick e
olha para Roberta - onde fica o banheiro, moça?
- Fica logo ali - apontou Roberta
para uma porta branca de maçaneta barroca - se precisarem de alguma coisa
estarei no quarto ao lado. Meu nome é Roberta.
- Nick - disse o vocalista
estendendo a mão pedindo um cumprimento. Roberta o cumprimentou, ele beijou a
mão da moça. Os outros apenas um aperto de mão
- Robson
- George
- Ernest
- Bom, com sua licença... -
Roberta retirou-se do quarto
Depois que todos os rapazes
tomaram banho, eles começaram a comentar entre eles que estavam com fome, mas
ficaram sem jeito de pedir algo para comer. Ernest sugeriu:
- Nick, pede você que já que você
gostou tanto dela.
Houve uma pequena
e rápida discussão, mas logo foram os quatro procurar Roberta, a
qual ouvira os meninos reclamarem de fome e adiantou-se até a cozinha
para preparar um lanche. Enquanto ela terminava de pôr a mesa, Nick a chamou.
Ela virou-se e espantado Nick perguntou como ela sabia que eles estavam com
fome. Ela respondeu que tinha escutado a conversa deles. Aflito Nick perguntou
se ela escutara a conversa toda. Sem entender ela disse que ouvira só que eles
estavam famintos e sem jeito de pedir alguma coisa para comer. Nick respirou
aliviado, e Roberta continuou:
- Bom, sentem-se e fiquem à
vontade. Se precisarem de alguma coisa me chamem, não precisam ficar acanhados.
- Que delícia esse bolo, foi você
que fez? - perguntou Nick
- Sim
- Ficou muito bom. Espero que
algum dia eu tenha uma esposa que cozinhe tão bem quanto você.
- Hummmmmmmm - disseram os outros
músicos
- Obrigada - disse ela
meio envergonhada - com licença eu tenho coisas a fazer
Assim o resto da noite foi o
ensaio da banda no quarto e Roberta do lado fazendo seus trabalhos. Ela fazia
desenhos e roteiros para publicidade, e passava varia noites acordada para
entregar os projetos no prazo. Naquela noite em questão havia dormido debruçada
sobre a sua mesa de trabalho. Foi acordada por Robson que lhe dissera:
- Venha aqui um pouco, por favor.
- O que foi? - perguntou ela sem
entender nada
- É o Nick. Ele não está nada
bem.
A moça foi até a cama onde estava
Nick. Encostou suavemente sua mão no rosto do rapaz e disse:
- Nick você está ardendo em
febre. Eu vou chamar um médico.
Doutor Gualberto logo chegou,
examinou o paciente e o diagnóstico era possivelmente de uma infecção
alimentar. George protestou dizendo que se fosse assim os outros três deveriam
estar doentes também. Pensativo doutor Gualberto perguntou se Nick tinha
alergia a algum alimento:
- Tenho alergia a cerejas -
respondeu ele
- Cerejas? Você disse cerejas? -
perguntou aflita Roberta
- Sim, por quê?
- A calda daquele bolo que você
comeu ontem era de cereja.
- Então está explicado - disse o
doutor e escrevendo uma receita médica prosseguiu - vou receitar um
antialérgico e um antitérmico. Roberta, eu vou deixar a receita com
você. Qualquer coisa é só telefonar
- Sim doutor. Eu o levo até a
porta - confirmou Roberta
Depois que o doutor foi embora,
Roberta disse aos meninos que ia comprar os remédios e voltava num minuto. Ela
voltou, os três que não estavam doentes disseram que iriam ver se conseguiam um
mecânico para consertar o ônibus da banda. Enquanto isso a garota ajudou Nick a
tomar os remédios:
- Pronto. Agora você trate de
descansar - ordenou Roberta, ajeitando o travesseiro de Nick. Então ela pegou
uma pilha de revistas de dentro de um armário e colocou sobre um banquinho ao
lado do garoto - se quiser tenho algumas revistas aqui. Bom, eu tenho que
terminar um projeto, então se quiser alguma coisa é só chamar.
Passadas algumas horas, Nick
chamou por Roberta:
- O que foi? - ela perguntou
- Estou com fome!
- É claro, já passa da hora do almoço
- Roberta olhou no relógio em seu pulso - o que quer comer?
- Nada de cerejas - riu Nick
- Nada de cerejas - retribuiu
Roberta - pode ser uma canja de galinha?
- Claro, mas só se tiver um chá
de camomila pra acompanhar.
- Ok.
Roberta foi para a cozinha,
escolheu alguns legumes, lavou-os e cortou-os e os pôs na água. Cortou um
frango também e colocou a carne já sem os ossos na água, e ainda alguns
temperos. Enquanto a sopa cozinhava, ferveu água para fazer o chá. Depois de
tudo pronto, levou um prato de canja e uma xícara de chá de camomila para o
garoto doente. Apoiou o suporte sobre a cama, largou-o e Nick preparava-se para
saborear o almoço quando suas mãos começaram a tremer:
- Nick como suas mãos tremem! -
exclamou ela
- É... Isso sempre acontece quando
tenho febre alta. É assim desde que eu era criança.
Vendo a dificuldade dele para
segurar a colher com sua trêmula mão (estava tremendo muito mesmo), ela diz:
- Espere, deixe-me te ajudar.
Dessa forma Roberta deu comida para
Nick como se da para um bebê. Logo chegaram os outros garotos, quando viram
Nick ganhando comida na boca riram. Ernest falou:
- Que bonitinho, até parece um
bebê.
- Cala a boca - irritou-se Nick.
Roberta tomou posição
- Não se irrite Nick, e vocês não
deem palpite. Se estiverem com fome tem sopa em cima do fogão. E deixem o Nick
terminar de almoçar em paz
- Está bem, não se irrite, nós
vamos - conformou-se George.
- E tu pode cuidar do teu
namorado a vontade - provocou Robson
Roberta olhou para Robson com
expressão de não entendimento e voltou ao estava fazendo. Depois de terminado o
almoço de Nick, Roberta perguntou se ele queria mais alguma coisa. Ele
respondeu:
- Eu quero um beijo
Roberta sorriu e beijou a
bochecha de Nick, bem próximo a boca:
- Mais alguma coisa - interrogou
- Não, não precisa mais nada, meu
anjo da guarda.
- Anjo? Que isso, sou apenas uma
mulher, e uma mulher comum.
- Você é um anjo, meu anjo.
Roberta sorriu e silenciosamente
levou as louças para a pia da cozinha e as lavou. Estavam Robson, George e
Ernest almoçando. Quando viram a expressão dela começaram a cochichar. Minutos
depois, ao que ela terminada de lavar as louças e enxugava suas mãos, George
questionou-lhe:
- O Nick está melhor?
- Sim - respondeu Roberta
- E vocês já decidiram quando e
onde vai ser o casamento de vocês? - provocou novamente Robson. Todos riram
- Muito engraçado Robson. Acho
que vocês não iriam se importar de lavar e enxugar as louças de vocês, não é? -
respondeu a garota e logo se retirou.
À noite, depois de Nick tomar
novamente os remédios, Roberta ajeitou as cobertas e deu-lhe um beijo na
bochecha e disse-lhe boa noite. Ele tremulo respondeu. A garota viu que ele
estava trêmulo e perguntou se ele queria mais um cobertor. Como ele respondeu
afirmativamente ela pegou os únicos cobertores restantes, que estavam em sua
própria cama. Nick ainda estava com frio. Roberta então puxou as cobertas e
deitou-se ao lado do rapaz:
- Agora está melhor?
- Bem melhor
E assim os dois dormiram juntos
pela primeira vez. Ao amanhecer, foram os dois acordados pelos risos dos outros
três que viram o casal dormindo junto. Bom, discussões a parte, depois de
ajudar Nick a tomar os remédios, Roberta foi para seu quarto. Como se imaginava
depois do almoço Roberta e Nick ficaram sozinhos. Ela terminara o projeto e
enviara por correio para a empresa. Aproveitando o tempo livre, ela foi tomar
um banho. Como tinha um banheiro em seu próprio quarto, Roberta deixava a roupa
que ia vestir em cima da cama. Então, enquanto ela se vestia Nick a viu, nua, e
ela apenas reparou quando já estava vestida. Viu ele a observando, quis
reclamar, mas não conseguiu, parecia que alguma coisa a impedia de ficar brava
com ele. Nisso, o telefone tocou, era a empresa a qual Roberta enviara o
projeto de publicidade. Foi dito à moça que o desenho não havia sido aceito.
Chorando raivosa ela mandou o pessoal da empresa para aquele lugar e bateu o
telefone no gancho. Voltou para o quarto dizendo:
- Que ódio, que ódio.
- Ódio do que, querida? - questionou
Nick vendo-a zangada
- Daquela empresa de merda. Tive
tanto trabalho para fazer aquele projeto e eles rejeitaram...
- Nem se estresse, eles
estão desperdiçando o que poderia ser o melhor projeto apresentado para
eles. Vai por mim, algum dia eles vão vir te procurar de novo.
- Você acha mesmo?
- Sim e além do mais, se eu fosse
você não faria o trabalho para eles mesmo se viessem com um milhão de reais.
- Bom, se você diz.
Os dias passaram, Nick melhorou,
mas ainda de cama depois de duas semanas, o doutor o examinou novamente:
- Melhor ele fazer alguns exames
para termos certeza - aconselhou o doutor
- Que exames?
- De sangue, de rotina... Fazer
um check-up geral.
Então todos os exames foram
feitos e o diagnostico foi feito com precisão:
- Infelizmente não trago boas
notícias - disse o doutor
- Mas o que ele tem doutor? É
muito grave? - indagou Roberta
- Leucemia. Ele tem leucemia
- Oh Deus - disse Roberta chocada
e abraçou Nick que estava sentado na cama do quarto do hospital
- Eu recomendo que o tratamento
comece logo - aconselhou o doutor
- Claro doutor, quando podemos
começar? - Perguntou Nick
- Amanhã mesmo, tudo bem?
- Sim doutor - responderam juntos
o casal
E assim a banda Fire se instalou
de vez na casa de Roberta. Depois de três meses de tratamento a base de quimioterapia,
Nick passou muito mal e foi levado as pressas para o hospital. Doutor Gualberto
disse que não teria outra opção senão o transplante de medula. Roberta
concordou em procurarem um doador compatível, e, depois de muita procura, o
doutor disse que não havia nenhum doador compatível em nenhum lugar do mundo.
Nick iria morrer em poucos dias. Roberta pensou por um minuto e sugeriu:
- Por que não vemos se eu sou
compatível?
- Querida você ainda não tem
idade
- Faço aniversário mês que vem
- Sim, mas é arriscado esperar um
mês.
- Doutor o senhor é meu padrinho
e cuida de mim desde que meus pais morreram. E se o senhor não voltou para casa
depois que o Nick e os outros foram pra lá é porque sentia que alguma coisa
assim estava pra acontecer
- Sabe o que aconteceria se
alguém descobrisse que eu deixei alguém abaixo da idade doar medula? Eu posso
perder meu emprego
- E se ninguém descobrir? É só
deixarmos em segredo
- Estaríamos burlando leis
- Por favor, é pelo Nick, o
senhor me deixaria morrer só pra não burlar uma lei?
- Não, você é como uma filha para
mim, então eu seria capaz de arriscar meu emprego pra você não morrer.
- Então, eu também poderia ir
presa se descobrissem, mas eu iria até o inferno se fosse preciso. Eu não vou
deixá-lo morrer se eu ainda posso salvá-lo
- Está bem, você venceu.
O teste de compatibilidade foi
feito e o resultado foi positivo. Roberta poderia sim doar medula para Nick. E
assim foi. Antes da cirurgia, Roberta foi falar com Nick:
- Nick, tenho boas noticias.
- O que é? Me conta
- Conseguimos um doador pra você.
Daqui a pouco você será encaminhado para a para a sala de cirurgia.
Os dois sorriram de felicidade
- Sério? E eu vou poder conhecer
o meu doador depois?
- Se você quiser...
Doutor Gualberto chega ao quarto:
- Então, está na hora. Vamos
Nick?
- Eu vou estar aqui rezando por
você Nick - disse Roberta abraçando Nick
A cirurgia ocorreu bem, o corpo
de Nick aceitou a medula e quando Nick foi levado de volta ao quarto já
desperto, Roberta e ele conversaram:
- Então quando vou conhecer meu
doador? - quis saber Nick
- N verdade, você já conhece. - Respondeu
Roberta
- É o Robson?
- Não
- Ernest?
- Não
- George?
- Não... É doadora
- Não me diga que...
- Sim.
- Mesmo depois de tudo, você
ainda sente alguma coisa por mim?
- Na verdade a cada dia que passa
eu gosto mais de você
- Eu disse que você é meu anjo da
guarda
- Disse - os dois sorriem
O doutor chegou ao quarto e sorri
ao vê-los conversando. Avisa-os que na manhã seguinte o garoto poderá ir para
casa. Roberta passou a noite lá. De manhã cedo ligou para Robson e disse para
todos irem até o hospital. Nick acordava:
- Bom dia - saudou ela
- Bom dia
- Então Roberta, parece que você tem
alguma coisa que quer me dizer
- E tenho, mas não sei por onde
começar
- Que tal pelo começo?
- Bom, um gesto vale mais mil
palavras?
- Acho que sim, por quê?
- Assim é mais fácil dizer
Nick estava sentado na cama.
Roberta aproximou-se e beijou-o.
O doutor Denis entrou no quarto
- Você já está liberado, Nicolas.
Já pode ir para casa.
- Obrigado
- Onde está o doutor Gualberto? –
pergunta Roberta
- Ele está em outro quarto
- Com outro paciente?
- Não. Internado.
- O que aconteceu?
- Ele sofreu um acidente. Ainda
não acordou. Talvez não acorde.
- Podemos vê-lo?
Já no outro quarto, Roberta e
Nick encontraram doutor Gualberto definhando sobre a cama. Roberta suspirou.
Uma lágrima lhe caiu.
- Está chorando? – perguntou Nick
- Não é só que, eu jamais pensei
que o veria nessa situação
- Vocês são muito amigos?
- Ele é meu padrinho. Desde que
meus pais morreram, ele cuida de mim e de meus quatro irmãos.
- E onde estão seus irmãos?
- Quem sabe. Faz mais de três
anos que cada um foi pra um lado e não deram mais notícias.
- Seus irmão morreram, Roberta –
doutor Gualberto acordava – eu soube ontem, que eles foram encontrados mortos
no meio da neve em Quebec, no Canadá.
- Hipotermia?
- Sim, filha.
Doutor Denis entra no quarto.
- Doutor Gualberto?
- Doutor Denis
- Como o senhor está se sentindo?
- Não sinto nada
- Sente alguma dor?
- Não sinto nada. Nem as pernas,
nem os braços. Mas consigo mover as mãos e um pouco os antebraços. Estou
tetraplégico.
- Ainda é cedo para diagnósticos,
doutor.
- Doutor Denis, eu na minha
experiência sei quando um diagnóstico pode ou não ser feito.
- Sim doutor.
Instantes mais tarde Robson,
George e Ernest chegam. Nick e Roberta os encontram na recepção.
Na semana seguinte a banda teve
que ir, tinham um show marcado. Foi uma triste despedida.
Roberta ficara triste, não saía
de casa, não comia nem bebia, ficava na cama ouvindo as músicas da banda de
Nick. Tanto tempo se passou que ninguém sabe quanto, só que em uma noite
chuvosa Roberta dormia e um doce beijo a acordou. Antes que ela pudesse
enxergar, uma voz disse-lhe:
- Boa noite, meu anjo.
Era Nick. Voltara para buscar
algo que havia esquecido. Algo tão importante que fazia dele tolo por ter
esquecido. Era Roberta, Nick esquecera a mulher da vida dele. Ainda no quarto,
Roberta sentara-se na cama e Nick lhe falou:
- Eu cometi um erro enorme indo
embora e deixando você aqui sozinha. Você foi a melhor coisa que aconteceu na
minha vida. Melhor que a banda, melhor que o sucesso, melhor que tudo. E seria
um erro maior ainda eu ter vindo aqui e não te perguntar...
- Perguntar o que?
- Você, Roberta, quer casar
comigo?
- Nick eu... Claro
que eu quero. Eu estaria cometendo o pior erro da minha vida se não aceitasse.
Os dois se beijaram.
Meses depois se casaram. Depois que eles voltaram da lua de mel, aquela empresa
que havia rejeitado o projeto publicitário de Roberta ligou, querendo que ela
apresentasse outro e disseram que pagariam bem mais do que iriam pagar da
primeira vez. Ela recusou.
Tempo depois a banda
faz um show na cidade vizinha. Roberta está terminando um novo projeto
publicitário, quando sente que alguma coisa úmida escore-lhe pelas pernas
molhando seu vestido. No banheiro, ela constata que sua bolsa estourou, o que
significa que ela está entrando em trabalho de parto.
Saindo do banheiro,
uma forte dor toma conta de seu corpo. Uma contração. Com dificuldade senta em
uma das camas do quarto grande (a mesma onde Nick dormira quando a banda se
abrigou lá naquela noite chuvosa). Ela grita. Doutor Gualberto entra no quarto
o mais depressa que consegue, com sua cadeira de rodas.
- O que houve?
- A bolsa estourou.
Meu filho vai nascer.
- Vou ligar para o
hospital. Pedir para o doutor Denis vir aqui...
- Não, tio, espera.
Não dá tempo. O senhor tem que fazer esse parto.
- Mas Roberta, eu não
sou mais médico, não posso ser.
- Pode sim, tio. Só o
senhor pode me ajudar agora.
Roberta se coloca de
pernas abertas. O bebê já está nascendo. Doutor Gualberto segura a cabeça da
criança. Momentos após a criança nasce.
- É menina!
A banda acabava de
chegar. Nick parado próximo à porta do quarto.
- Menina? – pergunta aproximando-se
da cama
- Sim, Nícolas. Meus
parabéns!
Passam-se seis meses.
Em um fim de tarde, Roberta e Nick passeiam com a pequena Gabi no colo do pai.
Um ladrão de rosto coberto aborda-os e aponta uma faca na direção do pai e da filha.
- Passem toda a grana
pra cá ou a criança morre! – brada o bandido
- Não temos dinheiro –
disse Nick assustado
Sem falar nada o ladrão
levou violentamente a faca na direção da criança. Nick se virou o mais rápido
que pode para proteger o bebê e Roberta se atirou na frente ficando entre Nick
e o bandido. A faca perfurou seu peito. O ladrão fugiu. Mais que depressa, Nick
ligou para o resgate. Roberta foi levada para o hospital, mas já era tarde...
De volta à biblioteca,
Dr. Gualberto parou de falar por um minuto.
- Roberta morreu? –
pergunta Gabi – como minha mãe?
- Roberta era sua mãe.
Ela morreu naquele hospital. Sua mãe se sacrificou para salvar quem ela mais amava, você e seu pai. Ela era o anjo que eu conheci.
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