ANJO
DA GUARDA
Essa é a história de
duas irmãs, Bianca e Natália. Bianca, a mais velha, sonhava em ser mãe. Era
dedicada, inteligente, se destacava entre as moças da sua idade. Já Natália era
rebelde, aos quinze anos fugiu de casa, se envolveu com drogas e aos dezoito se
viu grávida de um moleque de quem ela nem ao menos sabia o nome. E é aí que
começa a nossa história.
Natália era
irresponsável. Passou os nove meses de gestação nas ruas, se drogava, comia
mal, estava com a aparência horrível. Um dia passou mal, Bianca a encontrou e
levou-a ao hospital. Quase perdera o bebe. Como já estava no fim da gestação,
Bianca a fez ficar em sua casa. Tempo depois o bebe nasceu. Era uma linda
menininha, que recebeu o nome de Laura. Quando chegou a hora de amamentar,
Laura foi tirada dos braços da mãe e levada ao quarto ao lado. A explicação
dada pela enfermeira foi que de tanto que Natália se drogou durante a gravides
a droga ficou no leite e por isso ela não poderia amamentar. A jovem mãe ficou
arrasada.
Dessa forma depois de
um tempo Natália sumiu no mundo, deixando Laura aos cuidados da tia Bianca, que
se viu sozinha com um neném recém-nascido nos braços. Agora mudou seu pequeno
salão de beleza para sua casa, para assim não ter que deixar a pequena Laura
largada em alguma creche. Claro que Bianca perdeu clientes, mas nada a impediu
de continuar com seu pequeno negócio.
Laura cresceu e
aprendeu a chamar Bianca de mãe.
Um belo dia, uma
garota magrela e acabada apareceu na casa de Bianca. Era tarde da noite. Que
espécie de ser era aquela garota, que ousava entrar numa casa em meio a
madrugada? Era Natália que voltara depois de tanto tempo. Laura acordou, viu
aquela misteriosa figura que a chamou:
- Laura? É você
mesma?
- Quem é você? -
perguntou Laura
- Eu sou sua mãe -
respondeu Natália
- Não, ela é minha
mãe - disse Laura apontando para Bianca
- Laura, querida, vai
deitar, amanhã eu te explico tudo, mas agora eu preciso ter uma conversa com
essa moça - pediu Bianca
- Sim mamãe
Assim que Laura saiu
do cômodo, Natália chorando falou:
- Como pode fazer
isso comigo?
- Como pode fazer
isso comigo? Eu te fiz um favor. Eu criei a sua filha - respondeu Bianca em tom
alto
- Você ensinou ela a
te chamar de mãe
- Você sumiu. Por que
eu deveria acreditar que você voltaria?
- Eu sou a mãe dela
- Não, não é.
- O que esta dizendo?
- Eu sempre quis ser
mãe. No entanto foi você quem engravidou. - lágrimas começaram a escorrer dos
olhos de Bianca - Lembro que por tanto tempo pensei que o destino estava sendo
injusto comigo, mas na verdade, ele foi tão justo quanto deveria. Eu ganhei uma
filha, mas não sofri as dores do parto. Não pude amamentar do meu próprio seio,
mas mesmo assim gastei grande parte do meu dinheiro pra comprar do melhor leite
para Laura. Tudo o que ela precisou, tudo que ela quis. Tudo. Eu dei tudo pra
ela, enquanto você a abandonou. Aceite Natália, você não merece ser chamada de
mãe... Não nasceu para ser mãe
- NÃO... NÃO DIGA
ISSO BIANCA - berrou Natália - VOCÊ NEM AO MENOS SABE POR QUE EU FUI EMBORA
- Sei sim. Você é
fraca. É irresponsável. Preferiu fugir ao aceitar que não poderia amamentar sua
filha.
- CHEGA BIANCA. ME DE
A MINHA FILHA, QUE ELA E EU VAMOS EMBORA PRA NUNCA MAIS VOLTAR
- Não Natália. Ela
não é mais sua filha. Você deixou de ser mãe dela no exato instante em que saiu
por aquela porta e a deixou para trás. Vai, some daqui e jamais ouse aparecer
novamente
Natália saiu chorando
e em respeito ao pedido de Bianca ela jamais voltou. Na casa, Bianca viu sua
irmã ir embora para sempre. Atrás de Bianca, a pequena Lara se aproximava:
- Mãe, quem era
aquela mulher?
- A minha filha,
vamos pro quarto e lá eu te explico
Depois que Laura já
estava deitada, Bianca lhe contou:
- Aquela era Natália,
minha irmã mais nova, ela é sim sua mãe biológica. Mas sua mãe verdadeira sou
eu.
- Como assim? Mãe
biológica e mãe verdadeira não é a mesma coisa?
- Não. Mãe biológica
é aquela que da a luz ao bebe, e mãe verdadeira é aquela que cria o bebe com
todo amor e carinho. A Natália teve você, mas ela não pode te dar de mamar,
então fugiu e eu te criei. Deve estar confusa, é melhor parar por aqui.
- Espere, essa
Natália, minha mãe ou sei lá o que, ela vai voltar?
- Não sei, mas enquanto
ela não voltar, eu serei sua mãe
- Você será sempre a
minha mãe. Eu te amo.
- Também te amo filha
Assim as duas se
abraçaram e depois Bianca deixou Laura dormir. No dia seguinte, em todos os
jornais estava noticiada a morte de uma jovem, identificada apenas como Nati, o
que era o suficiente para Bianca saber que se tratava de Natália. Laura estava
lendo um bilhete que fora deixado na sua janela. Nele dizia: "Laura,
eu sei que você deve me odiar. Eu sei que errei, mas agora vou reparar todos os
meus erros. Você jamais me verá de novo, mas eu estarei sempre cuidando de
você, aqui do céu. Eu não devia, mas não iria conseguir viver, sabendo que
perdi minha filha para sempre e sabendo que foi tudo culpa minha eu ter te
perdido. Mas saiba que apesar de tudo eu te amo, mesmo que nunca tenha
demonstrado isso em vida. ASS.: Natália" .
Bianca ao ver a
menina lendo perguntou:
- O que é isso?
- É da minha mãe... Da
Natália
- Da Natália?
Deixe-me ver
Bianca leu e depois
soltou o que seria um suspiro de alivio. Natália tirara a própria vida para
pagar seus pecados, e deixou um bilhete para a filha para explicar o porquê de
ela ter feito o que fez. Nesse momento, um filme passou diante dos olhos de
Bianca. Toda sua infância, todas as lembranças que tinha de Natália, tudo ela
viu e chorando abraçou Laura. Ali ela entendera tudo, Laura era o único fruto
bom que Natália colhera e deixou nas mãos da única pessoa que ela sabia que
poderia cuidar para que este tivesse boas sementes para plantar:
- Então foi por isso
que ela fugiu - pensou - ela sabia que não teria forças para criar uma criança,
e seu orgulho a impediu de pedir ajuda. Céus eu fui tão injusta com ela.
Natália, me perdoa. Eu deveria ter ouvido você. Agora é tarde, eu matei você
com minhas palavras. Como pude fazer isso meu Deus? Como? Se eu pudesse voltar
atrás Natália. Aonde quer que você esteja Natália, me perdoa.
Então, uma estranha
força tomou conta do lugar. Uma luz intensa tomou conta de Laura que falou:
- Sim Bianca, eu te
perdoo. E peço perdão também, eu deveria ter pedido ajuda quando precisava.
Você tem razão, eu fui fraca, preferi fugir, mas agora não tem volta. Cuide da
menina, você sim nasceu para ser mãe. Diferentemente de mim você é responsável,
e eu entendo se você não quiser falar de mim para ela. Eu jamais fui mãe dela
depois que ela nasceu.
- Natália?
- Sim minha irmã
- Natália eu me
arrependo tanto. Me perdoa, eu jamais vou me perdoar. Eu matei você
- Não Bianca, eu já
havia me matado há muito tempo, desde que fumei meu primeiro cigarro de
maconha. Como você bem sabe, as drogas me cegaram e me ensurdeceram. Eu não
conseguia ver a realidade e não conseguia te escutar, foi assim que fiquei
grávida. O que você não sabe é que eu sempre pensei em você durante a minha
gestação, sempre pensei em te dar o mais valioso presente. Por isso a Laura
agora é sua filha, por que só você sabe realmente o que é ser mãe
- Natália, eu não
imaginava...
- Agora tenho que ir.
Adeus minha irmã.
- Espere, você não
quer falar com Laura?
- Nós conversaremos
todas as noites, eu serei seu anjo da guarda.
Uma luz ainda mais
intensa, tomou conta do quarto. Depois de um tempo tudo voltou ao normal. Laura
perguntou o que havia ocorrido, Bianca contou tudo, e agora, todas as noites
Laura conversa com sua mãe Natália, o seu anjo da guarda.
Autor(a): Vallery Corrêa
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