terça-feira, 23 de setembro de 2014

Criminal Case
O dia estava calmo, a família se reunia para uma inauguração. O memorial da amada Helena Albuquerque era lindo, fotos espalhadas por toda uma parede, os pertences em mostruários de vidro fechados e sua história contada num imenso livro de folhas amareladas, escrito por ela própria no mesmo local onde fora deixado, seu antigo escritório, onde escrevia as mais belas histórias.

Todos conversavam, uns com os outros. Parecia que tudo seria normal. O filho de Helena era o anfitrião, já que seu pai estava doente. Quando alguns convidados chegavam e outros partiam, uns bebiam os drinques servidos, ouviu-se um tiro vindo do andar de cima da casa, mais precisamente do quarto do viúvo, Teodoro. Seu filho, André subiu as escadas correndo e o encontrou na mesma posição que deixara antes, porém sangrava pelo peito. Estava morto. "Quem terá feito isso?" todos se perguntavam. Mesmo a polícia tendo sido acionada, nada pode ser feito, pois havia pouca coisa a ser examinada no quarto.

Passados alguns dias, a polícia foi até a casa de uma das convidadas, Verônica, prima de André, e deram-lhe voz de prisão e levaram também Roger, um velho amigo da família.

- Espera um minuto, o Roger nem ai menos foi nessa festa - protestou Verônica.

- É verdade senhor, eu estava em um show com a minha banda numa outra cidade - completou Roger.

- Tudo bem, expliquem isso para o juiz. Vocês estão em cana.

Os dois foram levados para a prisão e colocados provisoriamente na mesma cela. Já pela noite, depois que as luzes foram apagadas, Roger e Verônica conversavam.

- O que vamos fazer agora, Roger?

- Eu não sei... Como fui me meter nessa roubada?

- Pois é, por que prenderam você, se você nem ao menos estava presente no dia do assassinato?

- Vai saber. Mas agora é melhor dormirmos. Pelo que falaram, amanhã vamos ser interrogados.

- Verdade.

Na cela as duas únicas camas, ficavam encostadas uma na outra perpendicularmente. Cada um deitou em uma

- Boa noite, Verônica.

- Boa noite, Roger - depois de falar isso, ela beijou-o e deitou encostando sua cabeça na dele.

No dia seguinte, ele acordou-a com um beijo. Logo foram chamados para o café da manhã e em seguida foram levados para a sala de interrogatório. Verônica relatou que ficara o tempo todo com sua mãe e sua avó e que Roger não estava lá e nem era da família, era apenas um amigo de seu pai. Roger disse o mesmo, que não estava na festa e etc. Depois, os pais e a avó de Verônica foram ouvidos e dois integrantes da banda de Roger também. Como os depoimentos dados durante o dia inocentavam os dois, eles foram liberados:

- Vocês serão soltos, mas somente amanhã. Vamos fazer uma última averiguação nos depoimentos.

A porta é fechada e as luzes apagadas

- Livres Roger, estamos livres.

- Livres enfim, descobriram nossa inocência.

Eles se abraçaram e rolou aquele clima. Eles se beijaram e tiveram uma noite de amor. No dia seguinte voltaram para casa.

Duas semanas se passaram, Roger e Verônica foram presos novamente e pelo mesmo crime. Desta vez o motivo dado foi que uma moça que estava lá afirmou ter visto o casal subir as escadas instantes antes de se ouvir o tiro. E ainda foi dito que o nome da tal testemunha era Marcela. E lá foram os dois, novamente para a cela.

- Marcela? Eu conheço uma Marcela que eu vi na festa, só não sei o que ela estava fazendo lá, ela nem é da família só é apaixonada pelo meu primo, e...

- Apaixonada pelo seu primo é? Seu primo a rejeitou?

- Sim, Roger, mas o que...?

- Esse me parece um bom motivo para cometer um crime, não acha?

- E por a culpa em outro seria a melhor maneira de escapar. Mas ela me paga.

- Bom o importante agora é provar nossa inocência para o juiz - Verônica senta-se e aparenta não estar bem  - Verônica, tá tudo bem com você?

- Não sei... De repente não me senti bem

- Se isso continuar me avise e peço para o guarda chamar um médico

- Está bem, mas vamos voltar ao que falávamos antes.

- Sim, é bem provável que essa tal Marcela tenha assassinado seu tio.

- Sim, mas por que naquela hora? Por que não ao anoitecer?

- Quem sabe... E sua tia morreu do quê?

- Ninguém sabe, a médica dela receitava vários tipos de remédios diferentes para ela e ela só piorava. E foi assim até morrer.

- Nada contra a essa médica, mas talvez tenham sido os remédios que mataram sua tia.

- Pode até ser, eu me lembro que a doutora receitava remédios de tarja preta e tudo mais...

- E você conhece essa doutora?

- Não, e se foi a doutora que a matou, dificilmente foi pelo mesmo motivo que mataram meu tio. E talvez nem seja a mesma pessoa

- Será? Seu tio estava doente também, não é? Ele chegou a ir consultar?

- Ele chegou a ser internado

- E foi a mesma médica que o atendeu?

- Não, foi um médico que o atendeu, e eu o conheço ele faz um tempo, a esposa dele foi minha professora na segunda série.

- Então temos certeza de que não foi a mesma pessoa que matou seus tios?

- Sim, eu acho.

Em outro lugar, eram feitas investigações oficiais do crime. André é novamente chamado a depor, e este fica pasmo ao ver Marcela saindo da sala de interrogatório. Ao ver a expressão de André, o interrogador pergunta-lhe se conhecia a moça.

- Conheço sim. Nós estudamos na mesma turma no Ensino Médio. Mas porque ela estava aqui?

- Ela deu depoimento sobre o crime. Disse que estava na festa a seu convite

- Que mentirosa, eu nunca gostei dela e além do mais, o que ela disse em depoimento? Tem a ver com a Verônica?

- Eu não posso dizer muita coisa, mas como se trata da sua prima, eu só posso dizer que Marcela disse que viu sua prima e aquele amigo dela subirem as escadas pouco antes de se ouvir o tiro.

- Amigo?

- Sim, um rapaz loiro, me parece que é músico.

- O Roger... Mas ele nem estava na festa, havia viajado... E Verônica adorava meu pai, tenho certeza de que ela jamais faria isso.

- Então você está alegando que Marcela Tatiane Carraro de Melo mentiu?

- Sim, ela mentiu.

- E por que ela faria isso?

- Bom, primeiro que se ela estava mesmo na festa, era de penetra. Segundo, era apaixonada por mim nos tempos em que estudamos juntos.

- E você não correspondia o amor dela?

- Senhor, eu já tinha namorada naquela época.

- Entendo

- Entende?

- Sim, Marcela nunca quis e não quer aceitar o seu não.

 - É bem provável. O senhor acha que ela pode ter matado meu pai?

- Não descarto essa possibilidade. A propósito, você sabia que a médica que cuidou de sua mãe era ela?

- Como? Não é possível, ela, ela sempre disse que queria cursar medicina, mas como é que...

- Bom ela quis e ela cursou

- Senhor, eu acabei de pensar uma coisa, posso dizer?

- Pode. Por que não poderia?

- Porque pode ser uma falsa acusação, mas será que não foi Marcela que matou meus pais?

- É uma acusação muito grave, mas você tem razão, pelo que sabemos até agora ela é a principal suspeita, mas isso não descarta sua prima.

- Mas e o Roger?

- Ele será solto. Sua prima, no entanto, ficara conosco por mais um tempo

Então é dada a ordem ao carcereiro de libertar Roger:

- Eu não vou sem ela - protesta Roger

- Eu lamento, mas sua namorada ainda não pode sair - responde o carcereiro.

- Nesse caso, nós dois vamos ficar.

- Não Roger, vá, eu ficarei bem - diz Verônica que está pior.

- O que a moça tem? - Pergunta o carcereiro

- Está meio enfebrada e sentindo enjoo, o que é mais um motivo para eu ficar.

- Tá bem, eu vou lá falar com o chefe e já volto.

O carcereiro vai até a sala de interrogatório e diz ao chefe de polícia que Verônica não se sente bem. O chefe vai até a cela com o carcereiro, André os acompanha. Chegando lá, eles veem uma Verônica muito pálida e inconsciente. Roger tenta reanimá-la. A cela é rapidamente aberta e André entra correndo:

- Verônica, prima, fala comigo...

- Ela não está respondendo a nada, desde que ela desmaiou eu estou tentando reanimá-la e ela ainda está assim - diz Roger.

- E faz tempo que ela está assim? - pergunta o chefe de polícia

- Eu a vi desmaiar quando estava saindo, chefe? - disse o carcereiro querendo ser útil

- Não acha que deve chamar um médico? - questiona Roger

- Sim, André, você tem um celular em mãos?

- Tenho - André pega o celular e chama um médico - pronto. Disseram que chegam dentro de cinco minutos

- Enquanto esperamos, alguém pode me explicar por que eu fui solto e a Verônica não? - quis saber Roger

- Por que não existe mais nenhuma prova contra você - diz o chefe de polícia

- E contra ela? - retruca Roger

- Na verdade não, mas como ela foi acusada e estava na festa, continua sendo suspeita.

- Mas senhor, eu já disse que a acusadora é uma mentirosa.

- Calma rapaz, eu sei, mas ainda faltam peças neste quebra-cabeça.

Verônica começa a acordar

- Foi a Marcela que matou meu tio - disse Verônica ainda que com dificuldade

- Tem certeza do que está dizendo? - Pergunta o chefe de polícia

- Espera ela se recuperar - dizem Roger e André. Nisso chega o médico

- Qual a emergência? - questiona o médico

O doutor pede para que os outros saiam por um momento. Depois que todos obedecem, o doutor pergunta o que aconteceu a Verônica. Ela responde que havia se sentido mal desde o dia anterior. O doutor pergunta se ela se lembra de alguma coisa antes de ele chegar. Ela responde que só lembra que estava tudo escuro e ela ouviu que falavam sobre o assassinato do tio e ela disse quem era a assassina. O doutor ainda pergunta se ela já havia tido os mesmos sintomas antes. Verônica declara ser a primeira vez. Tentando manter a discrição, o doutor pergunta se ela teve relações sexuais com algum homem. Verônica ficou um tanto envergonhada, mas afirmou ter feito sexo com Roger.

Com um diagnóstico pronto na ponta da língua, o doutor chama Roger e lhe da os parabéns. Roger pergunta o por quê.

- Você vai ser papai

Roger vai até Verônica

- Do que ele está falando?

- Roger, acho que o doutor está querendo dizer que eu estou grávida.

- Grávida? Vamos ter um filho?

- Sim, Roger - Verônica lembra-se de que eles estão encarcerados - Se eu for acusada de ter matado meu tio, você promete cuidar dele?

- Mas que bobagem é essa? É meu filho, óbvio que eu vou cuidar dele, e depois, você não vai ser acusada de nada...

Nisso o carcereiro, o chefe de polícia e André entram na cela. Depois de uma longa conversa, é decidido que Verônica poderia ir, e caso fosse necessário seria chamada novamente à delegacia.

André levou Verônica e Roger até a casa dela, enquanto na delegacia, as investigações continuavam. Nos registros de assassinatos, foram encontrados documentos de crimes semelhantes cometidos de forma totalmente diferente do assassinato do tio de Verônica, mas cujo sobrenome do assassino, era familiar, muito familiar, Carraro de Melo, o mesmo sobrenome da principal suspeita, Marcela, o que apontava diretamente para ela, se aquele personagem dos crimes, fosse realmente parente dela.

- Francisco Carraro de Melo é seu parente, sim ou não? - interrogaram Marcela

- Por que precisam saber?

- Não faça perguntas, apenas me responda, Francisco Carraro de Melo é seu parente?

- É meu irmão.

- E como é ou era sua relação com ele?

- Foi ele quem cuidou de mim desde... Desde sempre...

- Do que está falando?

- Que desde que fomos abandonados, ele cuida de mim... Eu nem ao menos me lembro de minha mãe, mas Francisco dizia que eu era muito parecida com ela.

- E seus estudos?

- Ele trabalhava, sei lá com o que, e com o dinheiro comprávamos comida e meus materiais para a escola. Eu só estudei em escola publica, foi um milagre eu ter passado no vestibular da faculdade federal...

- E isso quer dizer...?

- Eu só sou médica hoje em dia porque meu irmão sempre acreditou em mim

- Mas, você soube dos crimes que ele cometeu?

- Soube

- Onde ele está agora?

- Não sei. Perdemos o contato faz anos

- O que aconteceu na última vez que vocês se viram?

- Foi depois dos crimes, ele disse que a polícia estava atrás dele e que ele iria fugir.

- Só isso?

- Sim, ele até me disse que voltaríamos a nos falar em breve, mas até agora não tive notícia.

- Você sabe que é nossa principal suspeita, não sabe?

- Na verdade, fiquei sabendo agora, e que provas tem contra mim?

- O filho da vítima e uma prima dele disseram que você não havia sido convidada para a festa, e também nos falaram que você era apaixonada por ele

- Sim eu realmente era apaixonada por ele, e sim, eu entrei de penetra naquela festa, mas e daí?

- Daí que esse é mais um motivo para suspeitar de você

- Ei, eu fui a médica da dona Helena, eu acho que merecia ser convidada, não é verdade?

- Sim, mas a família dela sabia que você era a médica dela?

- Não, acho que não.

- Então, como queria ser convidada?

- É mesmo, acho que agi mal.

- Tudo bem. Você já pode ir.

Marcela sai da sala de interrogatório, aparentemente calma, mas por dentro estava tão irada que parecia que iria explodir a qualquer momento.  Ao chegar à rua, olha para os lados, pega o celular, disca um número e quando alguém atende do outro lado da linha, ela pergunta:

- Já podemos por o plano em prática? - depois que lhe respondem ela solta um sorriso - Ótimo

Dias mais tarde, André voltava para casa quando um enorme carro preto parou próximo a ele e dele saiu alguém que provavelmente iria raptá-lo, não fosse Verônica e também Marcela se adiantarem e salvarem ele. Logo após o susto a polícia foi acionada.

Quando o guarda chegou e perguntou o que ocorrera, Marcela começou a falar.

- Foi ela - apontava para verônica - ela tentou sequestrar André

- Do que está falando sua sonsa? - Perguntou Verônica

- Seu guarda, eu vi o rosto do motorista, era aquele amigo da Verônica, eles iam raptar André.

- Deixa de ser falsa menina, Verônica jamais faria isso.

- Parem vocês, ou vão todos em cana. Marcela, você tem certeza do que está dizendo?

- É claro que tem senhor, ela quer que eu seja culpada pelo assassinato do meu tio.

- Isso é verdade Marcela? - Pergunta André

- É sim André, eu quero que a justiça seja feita.

- Justiça é? Você vai ver o que é justiça - diz Verônica que parte para cima de Marcela. André a segura pelos braços.

- Calma meninas - diz o guarda

Nisso toca um celular. Era o de Marcela

- Alô? A é você. O que houve? Certo. Posso te ligar depois, eu tenho um probleminha pra resolver aqui. Então, tchau.

- Quem era? - pergunta o guarda

- Era meu irmão, seu guarda. Ele ligou pra avisar que está vindo me visitar. Mas qual é o interesse?

- Seu irmão é um foragido e isso significa que estaremos na sua cola

- Sim senhor, eu vou indo.

Mais tarde, na casa de Marcela, ela alertava o irmão que num ataque de fúria deu uma bofetada na cara dela.

- Por que você foi abrir a boca, sua estúpida?

- Eu não tive escolha

- Marcela, a gente sempre tem uma escolha.

- Agora você fala isso, mas não era o que você pensava há dez anos.

- Mas isso é diferente

- Não, não é diferente... E agora eu posso ser presa por um assassinato que eu cometi, e isso é tudo culpa sua.

Francisco dá outra bofetada em Marcela e saí da casa. Marcela começa a chorar e decide ir até a delegacia. 

- Senhor delegado, eu tenho uma acusação a fazer.

- Que acusação?

- Eu sei quem matou o pai do André

- Você vai dizer de novo que foi a Verônica?

- Não, não foi ela. Eu menti no meu depoimento. Eu fui forçada a mentir. Quem matou o pai do André, foi meu irmão Francisco e eu fui cúmplice dele.

- E por que seu irmão fez isso?

- Ele sabia que eu era apaixonada pelo André, e quando ele me rejeitou, meu irmão disse que ele pagaria pelo que me fez com o sangue da própria família.

- E você não tentou impedi-lo?

- Tentei, mas ele não me ouviu. E quando ele descobriu que a mãe do André era minha paciente ele me obrigou a matá-la com medicamentos fortes. Eu disse que não podia fazer isso, mas ele me ameaçou.

- Então você está confessando que matou Helena Albuquerque e que foi cúmplice do assassinato de Teodoro Albuquerque?   

- Sim

- Por te confessado e por ter sido forçada a participar dos crimes, você poderá esperar o julgamento em liberdade, mas seu irmão não. Onde poderemos encontrá-lo?

- Ele está escondido na velha casa abandonada, onde morava aquela senhora que as crianças achavam que era uma bruxa.

- A senhora Cornélia? É na casa onde ela morava?

- Sim

- Obrigado, Marcela. Você pode ir pra casa, nós daremos conta do seu irmão e lhe avisaremos sobre o julgamento. E permaneça na cidade.

- Sim senhor

Marcela vai para casa e deita na sua cama aliviada. André foi avisado e resolveu visitar Marcela para esclarecer algumas dúvidas. Quando chegou, a casa estava tomada por chamas e fumaça e a garota chamava por socorro.

Sem pensar duas vezes, André entrou na casa e driblando as chamas, procura pela moça.

- SOCORRO

- Onde você está?

- Eu tô presa no meu quarto, no fim do corredor.

André avista a porta e tenta abri-la. Estava realmente trancada

- Se afasta da porta, eu vou arrombá-la.

Ninguém responde. André arromba a porta e encontra Marcela sobre a cama

- Marcela

Com a garota nos braços, ele desce as escadas e chega ao jardim.

- André, me perdoa.

- Do que está falando?

- Eu matei sua mãe

- O delegado disse que você foi obrigada. Isso é verdade?

- Sim, eu nunca quis fazer mal à dona Helena, nem a você.

- Tudo bem Marcela

Os bombeiros foram acionados e a polícia também. Fora um incêndio criminoso

- Foi meu irmão que queimou minha casa

- Seu irmão?

- Sim, eu o acusei de assassinato. Ele é um assassino.

- Você tem certeza do que está falando?

Francisco chega

- Sim ela tem

- Francisco, o que você está fazendo aqui?

Ele saca uma arma e aponta pra Marcela

- Eu vim terminar o serviço

- O que você vai fazer Francisco?

- Matar você Marcela, sua traidora. Mas antes eu quero saber por que você me traiu?

- Eu te traí? Olha o que você me fez fazer, eu matei uma mulher. Corri o risco de perder o meu emprego, minha licença de trabalho e a minha liberdade. E agora você vem dizer que eu te traí?

- Eu disse que esse filhinho de papai ia pagar com o sangue da própria família por ter te desprezado

- Ele não tinha obrigação de gostar de mim só porque eu gostava dele.

- A Marcela eu posso até ir preso por isso, mas você não passa dessa noite.

Marcela levanta-se e fica frente a frente com seu irmão.

- Se é isso que você quer, vai em frente. Me mata!

Francisco dispara contra Marcela e acerta seu peito. Ela caí. Os policiais prendem Francisco. André se ajoelha perto de Marcela

- O que você foi fazer sua louca. Eu sei que você se arrependeu, mas precisava tanto? Eu ia te perdoar sim

- Ia? Não vai mais?

- Marcela? Você não morreu?

Marcela mostra um relicário. Este relicário estava com uma marca de bala. André o abriu e viu duas fotos, numa um casal e na outra o filho do casal.

- São meus pais? E eu?

- Sim. Eu precisei fazer isso. Foi o único jeito de aliviar minha consciência

- Posso te contar um segredo?

- Conta

- Lembra da Laurinha? Nós namorávamos, mas eu não era apaixonado por ela, nunca fui. A verdade é que eu sempre gostei de você

- Mas e por que continuou com a Laurinha?

- Meus pais, eles queriam que eu casasse com a Laurinha. Ela era rica. 

- Eles queriam que você casasse por dinheiro?

- Sim e eles também não eram meus pais. Eu fui adotado

- E quem são seus pais biológicos?

- Não sei, mas isso não me importa. O caminho da minha felicidade é outro

- Pelo menos você tem um caminho a seguir

- Quero que a minha felicidade seja a sua felicidade

André beija Marcela.

Meses mais tarde, Francisco é julgado e condenado à 30 anos de prisão. Marcela recebe pena de 10 anos. Na porta da penitenciária, Marcela se despede de André com um abraço. Nove meses depois, Marcela dá a luz na prisão. Ela fica com o bebê por seis meses e depois o entrega a André na sala de visitas da penitenciária. Depois ela volta para a cela, onde um olhar vazio preenche seu rosto, ao ser trancada novamente. Segurando-se nas barras da cela, ela vê seu filho ser levado pelo pai e desabafa.


- No final, deu tudo certo.

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