sábado, 31 de janeiro de 2015

Sonhei com Você

Érica chega de viagem na nova cidade. Ao sair do terminal rodoviário, tomou um táxi e seguiu até uma lanchonete. Lá encontrou sua amiga, Amanda, a qual era a responsável pela ida de Érica para lá.

- Oi amiga, há quanto tempo.

- Muito tempo mesmo - Érica repara na barriga da amiga e a toca - nossa, que grande, é pra quando?

- É pra daqui duas semanas

- Menina ou menino?

- Menino

Nesse instante chega Rodrigo, namorado de Amanda e pai do filho dela.

- Oi amor - ele a cumprimenta com um beijo

- Oi amor

- Quem é essa?

- É minha amiga, Érica. Ela vai passar uns dias lá em casa enquanto procura um emprego e um apartamento. Érica, esse é meu namorado, Rodrigo.

Rodrigo e Érica cumprimentam-se. Os três vão pra casa.
Depois de exatas duas semanas, Érica tem um pesadelo. Amanda atravessava uma rua e era esfaqueada pelas costas e cai ajoelhada no meio da rua. Depois é atropelada por um caminhão e morre. Érica acorda assustada. No dia seguinte os três marcam de se encontrar na lanchonete depois do trabalho. Rodrigo e Érica chegam antes. Logo, Amanda aprece do outro lado da rua e Érica vê seu pesadelo virar realidade. A garota grávida é esfaqueada pelas costas. Sem pensar duas vezes, ao ver o caminhão, Érica corre em direção à amiga e a salva do veículo.

- Amanda? Amanda fala comigo - olha na direção da lanchonete - Rodrigo, vem aqui!

- Amanda!

- Céus, eu devia tê-la avisado.

- Avisado?

- Tive um pesadelo noite passada, com isso que aconteceu aqui. Aquele caminhão ia matá-la.

- Isso foi apenas uma coincidência.

- Não. Não é a primeira vez que acontece

- Não é a primeira vez que Amanda é esfaqueada?

- Não, eu to falando do pesadelo. Não é a primeira vez que um pesadelo meu acontece

- Sério?

 - Sim, mas agora vamos levá-la ao hospital.

- Vamos

No hospital, o doutor chama Rodrigo e Érica permanece no quarto com Amanda, que acordava.

- Érica?

- Amanda, estou aqui.

- Érica cuida do meu filho

- Claro, Amanda, mas do que...

- Eu vou morrer

- Não fala isso, você não via morrer, vai dar tudo certo.

- Chama o Rodrigo. Preciso falar com ele

- Está bem

Érica sai do quarto. Rodrigo já está chegando.

- O que o doutor disse?

- Vão fazer uma cesariana pra salvar o bebê, mas Amanda talvez não resista.

- Vai dar tudo certo. E a propósito, Amanda quer falar com você.

- Está bem. E você?

- Vou pra casa, preciso deitar um pouco. Me liga depois que o bebê nascer.

Érica vai. Rodrigo entra.

- Amanda? Você queria falar comigo?

- Sim, Rodrigo. Quero que você case com Érica e crie nosso filho com ela.

- Como é?

- Eu sei que não resistirei ao parto

- Mas meu amor, como posso me casar com aquela garota horrorosa? Ela até parece uma vaca na engorda.

- Ela está grávida!

- E ainda por cima é vadia

- Cale-se Rodrigo. Érica foi estuprada. Quando o síndico do prédio dela soube, despejou ela.

- Despejou?

- Sim. Lá é proibido ter crianças. Por isso ela veio pra cá.

- E agora por culpa dela você vai morrer

- Não foi por culpa dela. Como ela ia saber?

- Ela me falou que teve um pesadelo com sua morte

- Por que não me contaram?

- Quem não contou foi ela. Eu só soube depois - olha para o chão, depois volta a olhar para a garota lentamente - e ela disse que não havia sido o primeiro pesadelo dela que se tornou real.

- É verdade. Ela sonhou com a morte dos pais um dia antes de acontecer

" Estávamos no litoral, voltaríamos dentro de três dias, mas ela acordou assustada. Eu disse que estava tudo bem com eles, só que não estava. Ela ligou para eles a meu conselho e eles não atenderam. Liguei pro vovô e ele me falou do incêndio...”.

- Incêndio?

- Sim, o incêndio que matou os pais dela.

- Ela previu a morte dos pais?

- Sim, e do vovô também.

- E alguém já sobreviveu? Dessas mortes que ela previu?

Amanda sente uma dor forte na barriga e grita. Uma enfermeira entra

- Amanda, o que houve? - pergunta Rodrigo

- Ela entrou em trabalho de parto. O bebê vai nascer - respondeu a enfermeira

O bebê nasceu. A mãe morreu.

Érica volta para o hospital, sua bolsa estourou, ela está a ponto de dar à luz. Mais um bebê nasceu dessa vez uma menina, que não viveu.

Uma criança sem mãe. Uma mãe sem criança.

Ao nascer um novo dia, Rodrigo conversa com Érica no quarto de hospital onde ela está.

- Como está Amanda?

- Ela morreu, e por culpa sua.

- Culpa minha? Eu a salvei daquele caminhão

- Se você tivesse avisado, ela não iria para a lanchonete aquele dia e não seria esfaqueada.

- Não adiantaria

- O quê? Por quê?

- Se não fosse na rua da lanchonete e naquele dia, seria em qualquer outro dia e qualquer ouro lugar. Não há como evitar a morte.

- Por que você veio pra cá? Por que... - ele começa a chorar - por que isso tudo está acontecendo?

- Ei, você acha que eu gosto disso? Saber que pessoas queridas vão morrer pouco antes de acontecer é horrível. E outa coisa, só estou aqui porque Amanda me ofereceu ajuda. Se não fosse por ela eu estaria hoje jogada na rua em algum lugar com filha recém-nascida.

- Pelo menos Amanda ainda estaria viva

- Não, se eu tive a visão não, mesmo que eu não estivesse aqui.

- É tem razão. Amando me contou sobre seus pais

- Do avô dela também?

- Sim

- E da minha filha?

- Não, esse ela não me contou.

- Eu sabia que minha filha ia nascer morta... E nenhum médico me disse. Você pode imaginar o quão horrível é isso?

- Não, não imagino. Desculpe Érica. Vamos pra casa.

- Vai mesmo me aceitar em sua casa?

- Pela Amanda, foi o último desejo dela.

Érica, Rodrigo e o bebê, filho de Amanda, vão para casa. O quarto de Erica virou o quarto do bebê, mas a cama dela permaneceu. Rodrigo coloca o bebê no berço

- Você pode ir dormir na minha cama, se quiser.

- Tudo bem, eu fico aqui.

O bebê começa a chorar, Érica o pega e o tranquiliza.

- Qual o nome dele?

- O nome? Puxa, acredita que nem pensei nisso? Que nome Amanda ia querer?

- Um dia ela me disse que quando tivesse um filho, o nome dele ia ser Nicolas.

- Nicolas? É um belo nome

Os dias passaram, Rodrigo estava saindo com outra garota e Érica dava toda sua atenção para Nicolas. Numa noite, Rodrigo acabava de chegar de um encontro, e entrou no quarto do filho para ver como ele estava. Nisso, Érica acorda assustada e ao vê-lo diz:

- Rodrigo, você vai morrer!

Assustado ele pergunta:

- Como?

- O mesmo cara que matou Amanda, a mesma faca, a mando de uma garota, você estava jantando com ela, e o cara apareceu por trás...

- Pare já. Você está com ciúmes e inventou essa história, não foi?

- Você não acha que eu inventaria uma história dessa, acha?

- Bom, eu acho sim, e tem mais, eu vou jantar com a Nati, quer você queria, ou não.

À noite, ele foi ao encontro. Érica ficou preocupada e telefonou para Cassia, amiga dela e de Amanda, e pediu que ela tomasse conta do bebê. Então ela foi até o restaurante onde estavam Rodrigo e Nati. Observando de longe, Érica viu quando o assassino se aproximava para enfiar a faca nas costas do rapaz.

- Nãããããão! - Gritou ela correndo e impedindo que Rodrigo levasse a facada. Ele levanta-se e vê  a garota em pé com a faca enfiada na barriga.

- Érica! Então era verdade - ela desmaia e ele a segura. A polícia chega e prende o assassino - Nati, o que você sabia sobre isso?

- Nada, como eu ia adivinhar que essa louca ia aparecer?

- Falo de você tentar me matar. Só Amanda já não foi o suficiente?

- Está bem, eu confesso. Paguei a esse cara pra matar Amanda, e quando me dei conta ele me disse que te mataria se eu não ficasse com ele.

- E me deixou vir até aqui pra morrer?

- Eu, eu tinha contado pra polícia. Desculpa, achei que ele já tinha sido preso.

Os policiais prenderam-na também. Rodrigo leva Érica ao hospital. Ela logo se recuperou, mas ficou paraplégica. De volta a casa, ela é colocada na cama dele.

- Essa é a sua cama a partir de agora. Desculpa eu não ter acreditado em você, meu amor.

- Tudo bem, o que importa é que estamos bem e... O que você disse?

- Pedi desculpas

- Depois disso

- Meu amor?

- Isso quer dizer o quê?

- Que eu te amo, e quero me casar com você.

- Mas Rodrigo...

- Amanda me pediu isso antes de morrer (não seria depois de morta, né). No início achei que era loucura, mas agora...

- Agora...?

- É o que eu mais quero

Ele a beija. Os dois casam-se e anos mais tarde têm uma filha, que recebeu o nome de Amanda.

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