Sonhei
com Você
Érica chega de viagem
na nova cidade. Ao sair do terminal rodoviário, tomou um táxi e seguiu até uma
lanchonete. Lá encontrou sua amiga, Amanda, a qual era a responsável pela ida
de Érica para lá.
- Oi amiga, há quanto
tempo.
- Muito tempo mesmo -
Érica repara na barriga da amiga e a toca - nossa, que grande, é pra quando?
- É pra daqui duas
semanas
- Menina ou menino?
- Menino
Nesse instante chega
Rodrigo, namorado de Amanda e pai do filho dela.
- Oi amor - ele a
cumprimenta com um beijo
- Oi amor
- Quem é essa?
- É minha amiga,
Érica. Ela vai passar uns dias lá em casa enquanto procura um emprego e um
apartamento. Érica, esse é meu namorado, Rodrigo.
Rodrigo e Érica
cumprimentam-se. Os três vão pra casa.
Depois de exatas duas
semanas, Érica tem um pesadelo. Amanda atravessava uma rua e era esfaqueada
pelas costas e cai ajoelhada no meio da rua. Depois é atropelada por um
caminhão e morre. Érica acorda assustada. No dia seguinte os três marcam de se
encontrar na lanchonete depois do trabalho. Rodrigo e Érica chegam antes. Logo,
Amanda aprece do outro lado da rua e Érica vê seu pesadelo virar realidade. A
garota grávida é esfaqueada pelas costas. Sem pensar duas vezes, ao ver o
caminhão, Érica corre em direção à amiga e a salva do veículo.
- Amanda? Amanda fala
comigo - olha na direção da lanchonete - Rodrigo, vem aqui!
- Amanda!
- Céus, eu devia
tê-la avisado.
- Avisado?
- Tive um pesadelo
noite passada, com isso que aconteceu aqui. Aquele caminhão ia matá-la.
- Isso foi apenas uma
coincidência.
- Não. Não é a
primeira vez que acontece
- Não é a primeira
vez que Amanda é esfaqueada?
- Não, eu to falando
do pesadelo. Não é a primeira vez que um pesadelo meu acontece
- Sério?
- Sim, mas
agora vamos levá-la ao hospital.
- Vamos
No hospital, o doutor
chama Rodrigo e Érica permanece no quarto com Amanda, que acordava.
- Érica?
- Amanda, estou aqui.
- Érica cuida do meu
filho
- Claro, Amanda, mas
do que...
- Eu vou morrer
- Não fala isso, você
não via morrer, vai dar tudo certo.
- Chama o Rodrigo.
Preciso falar com ele
- Está bem
Érica sai do quarto.
Rodrigo já está chegando.
- O que o doutor
disse?
- Vão fazer uma
cesariana pra salvar o bebê, mas Amanda talvez não resista.
- Vai dar tudo certo.
E a propósito, Amanda quer falar com você.
- Está bem. E você?
- Vou pra casa, preciso deitar um pouco. Me
liga depois que o bebê nascer.
Érica vai. Rodrigo
entra.
- Amanda? Você queria
falar comigo?
- Sim, Rodrigo. Quero
que você case com Érica e crie nosso filho com ela.
- Como é?
- Eu sei que não
resistirei ao parto
- Mas meu amor, como
posso me casar com aquela garota horrorosa? Ela até parece uma vaca na engorda.
- Ela está grávida!
- E ainda por cima é
vadia
- Cale-se Rodrigo.
Érica foi estuprada. Quando o síndico do prédio dela soube, despejou ela.
- Despejou?
- Sim. Lá é proibido
ter crianças. Por isso ela veio pra cá.
- E agora por culpa
dela você vai morrer
- Não foi por culpa
dela. Como ela ia saber?
- Ela me falou que
teve um pesadelo com sua morte
- Por que não me
contaram?
- Quem não contou foi
ela. Eu só soube depois - olha para o chão, depois volta a olhar para a garota
lentamente - e ela disse que não havia sido o primeiro pesadelo dela que se
tornou real.
- É verdade. Ela
sonhou com a morte dos pais um dia antes de acontecer
" Estávamos no litoral, voltaríamos dentro de três dias, mas ela acordou
assustada. Eu disse que estava tudo bem com eles, só que não estava. Ela ligou
para eles a meu conselho e eles não atenderam. Liguei pro vovô e ele me falou
do incêndio...”.
- Incêndio?
- Sim, o incêndio que
matou os pais dela.
- Ela previu a morte
dos pais?
- Sim, e do vovô
também.
- E alguém já
sobreviveu? Dessas mortes que ela previu?
Amanda sente uma dor
forte na barriga e grita. Uma enfermeira entra
- Amanda, o que houve?
- pergunta Rodrigo
- Ela entrou em
trabalho de parto. O bebê vai nascer - respondeu a enfermeira
O bebê nasceu. A mãe
morreu.
Érica volta para o
hospital, sua bolsa estourou, ela está a ponto de dar à luz. Mais um bebê nasceu
dessa vez uma menina, que não viveu.
Uma criança sem mãe.
Uma mãe sem criança.
Ao nascer um novo
dia, Rodrigo conversa com Érica no quarto de hospital onde ela está.
- Como está Amanda?
- Ela morreu, e por
culpa sua.
- Culpa minha? Eu a
salvei daquele caminhão
- Se você tivesse
avisado, ela não iria para a lanchonete aquele dia e não seria esfaqueada.
- Não adiantaria
- O quê? Por quê?
- Se não fosse na rua
da lanchonete e naquele dia, seria em qualquer outro dia e qualquer ouro lugar.
Não há como evitar a morte.
- Por que você veio
pra cá? Por que... - ele começa a chorar - por que isso tudo está acontecendo?
- Ei, você acha que
eu gosto disso? Saber que pessoas queridas vão morrer pouco antes de acontecer
é horrível. E outa coisa, só estou aqui porque Amanda me ofereceu ajuda. Se não
fosse por ela eu estaria hoje jogada na rua em algum lugar com filha recém-nascida.
- Pelo menos Amanda
ainda estaria viva
- Não, se eu tive a
visão não, mesmo que eu não estivesse aqui.
- É tem razão. Amando
me contou sobre seus pais
- Do avô dela também?
- Sim
- E da minha filha?
- Não, esse ela não
me contou.
- Eu sabia que minha
filha ia nascer morta... E nenhum médico me disse. Você pode imaginar o quão
horrível é isso?
- Não, não imagino. Desculpe
Érica. Vamos pra casa.
- Vai mesmo me
aceitar em sua casa?
- Pela Amanda, foi o
último desejo dela.
Érica, Rodrigo e o bebê, filho de Amanda, vão para casa. O quarto de Erica
virou o quarto do bebê, mas a cama dela permaneceu. Rodrigo coloca o bebê no
berço
- Você pode ir dormir
na minha cama, se quiser.
- Tudo bem, eu fico
aqui.
O bebê começa a
chorar, Érica o pega e o tranquiliza.
- Qual o nome dele?
- O nome? Puxa,
acredita que nem pensei nisso? Que nome Amanda ia querer?
- Um dia ela me disse
que quando tivesse um filho, o nome dele ia ser Nicolas.
- Nicolas? É um belo
nome
Os dias passaram,
Rodrigo estava saindo com outra garota e Érica dava toda sua atenção para
Nicolas. Numa noite, Rodrigo acabava de chegar de um encontro, e entrou no
quarto do filho para ver como ele estava. Nisso, Érica acorda assustada e ao
vê-lo diz:
- Rodrigo, você vai
morrer!
Assustado ele
pergunta:
- Como?
- O mesmo cara que
matou Amanda, a mesma faca, a mando de uma garota, você estava jantando com
ela, e o cara apareceu por trás...
- Pare já. Você está
com ciúmes e inventou essa história, não foi?
- Você não acha que eu inventaria uma história dessa, acha?
- Bom, eu acho sim, e tem mais, eu vou jantar com a Nati, quer você queria, ou
não.
À noite, ele foi ao encontro. Érica ficou preocupada e telefonou para Cassia,
amiga dela e de Amanda, e pediu que ela tomasse conta do bebê. Então ela foi
até o restaurante onde estavam Rodrigo e Nati. Observando de longe, Érica viu
quando o assassino se aproximava para enfiar a faca nas costas do rapaz.
- Nãããããão! - Gritou
ela correndo e impedindo que Rodrigo levasse a facada. Ele levanta-se e
vê a garota em pé com a faca enfiada na barriga.
- Érica! Então era verdade - ela desmaia e ele a segura. A polícia chega e
prende o assassino - Nati, o que você sabia sobre isso?
- Nada, como eu ia adivinhar que essa louca ia aparecer?
- Falo de você tentar me matar. Só Amanda já não foi o suficiente?
- Está bem, eu confesso. Paguei a esse cara pra matar Amanda, e quando me dei
conta ele me disse que te mataria se eu não ficasse com ele.
- E me deixou vir até aqui pra morrer?
- Eu, eu tinha contado pra polícia. Desculpa, achei que ele já tinha sido preso.
Os policiais prenderam-na também. Rodrigo leva Érica ao hospital. Ela logo se
recuperou, mas ficou paraplégica. De volta a casa, ela é colocada na cama dele.
- Essa é a sua cama a partir de agora. Desculpa eu não ter acreditado em você, meu
amor.
- Tudo bem, o que importa é que estamos bem e... O que você disse?
- Pedi desculpas
- Depois disso
- Meu amor?
- Isso quer dizer o quê?
- Que eu te amo, e quero me casar com você.
- Mas Rodrigo...
- Amanda me pediu isso antes de morrer (não seria depois de morta, né). No
início achei que era loucura, mas agora...
- Agora...?
- É o que eu mais quero
Ele a beija. Os dois casam-se e anos mais tarde têm uma filha, que recebeu o
nome de Amanda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário