Amo Você e mais Ninguém
Era uma noite como outra qualquer. Caco e sua banda fizeram o show programado e iam para o ônibus, pois teriam que viajar para uma cidade próxima para outro show. Mas, eis que, perto do ônibus estava um corpo, de uma jovem, a qual vestia uma camiseta da banda (esqueci de mencionar que Caco é o vocalista da banda).
- Olha, tem um corpo caído ali - observou o guitarrista.
Caco aproxima-se cautelosamente e verifica o corpo
- Ela está ferida! - exclama ele - Vamos levá-la ao hospital
Caco pega a garota em seus braços e a carrega para o ônibus. No hospital, o doutor disse que a garota estava fora de perigo. No entanto ela ainda estava desacordada. Caco já precisava ir, mas anotou seu telefone em um pedaço de papel para a garota. Enquanto ele escrevia, ela acordou.
- O que aconteceu? - perguntou ela
Caco olha para ela
- Moça, como se sente?
- Não sei,... Onde estou?
- No hospital. Você levou um tiro
- E como vim parar aqui?
- Eu te trouxe. Encontrei você quando eu e o pessoal da banda saíamos da casa de show
Ela sorri.
- Caco?
- Sim. E você, é minha fã? Quero dizer, fã da minha banda?
- Sim - diz ela ainda sorrindo, quando o doutor entra no quarto.
- Ela acordou? Como se sente, Camila?
- Não sei, acho que estou bem.
- Você foi atingida por uma bala na coluna, que atravessou seu peito e saiu, mas não sabemos de onde veio o tiro. Você viu quem disparou? Era alguém que queria mata-la?
- Não, não tinha ninguém lá, mas ouvi pessoas discutindo e não parecia ser longe.
- Doutor, deve ter sido uma bala perdida.
- É você tem razão. Mas agora o que importa é a recuperação dela. Me de suas mãos, vamos ver se pode sentar-se.
O doutor tenta fazê-la sentar, o que a faz levar uma das mãos a coluna.
- Ai, dói demais.
O doutor a deita novamente
- Como eu previa. Você passará por um período de recuperação. Precisará ficar na casa de alguém que possa acompanhar sua melhora e eu irei vê-la periodicamente.
Uma enfermeira chama pelo doutor
- Tenho que ir. Você já pode ir, mas deixe o endereço da casa onde você for ficar.
O doutor saí da sala
- Então pra onde te levo? - perguntou Caco
- O quê?
- Na casa de quem você vai ficar?
- Acho que vou ficar aqui no hospital mesmo.
- O quê? Mas por quê?
- Não tenho escolha. Estou aqui nessa cidade a pouco mais de um mês. Meus parentes mais próximos moram a pelo menos oito horas daqui.
- Então te levo pra minha casa
- Não precisa Caco.
Ele senta-se na poltrona e olha nos olhos dela
- Não, eu não preciso. Mas eu quero fazer isso, Cami.
Ele deixa seu endereço para o doutor e vai para casa com a garota. Chegando lá, a deita em sua cama e chama pela empregada.
- Socorro!
- Socorro?
- Minha empregada
Socorro entra no quarto
- Chamou seu Caco?
- Sim, Socorro essa é Camila - ao ver a garota deitada na cama do patrão, Socorro muda a sua expressão, mostrando-se incomodada e enciumada - Ela vai passar alguns dias conosco. Depois eu te explico tudo.
- Sim, seu Caco.
- Cami, Socorro estará a sua disposição.
- Obrigada Caco
Assim os dias passam, e pouco a pouco, Camila se recupera. Depois de dois meses, Caco e a banda se preparam para uma pequena viajem. No quarto, Camila nota Caco preocupado.
- O que houve? Morreu alguém?
- Não, é só que, eu vou viajar com a banda daqui a pouco – faz uma pausa – só volto semana que vem.
- E o que tem de ruim nisso?
- Ficar longe de você! – faz outra pausa – Se quando vou ensaiar com a banda ou fazer algum show perto, já não paro de me perguntar se você está bem, imagina uma semana longe...
- Eu vou ficar bem, Caco. Não se preocupe.
Passada a semana, pouco antes de Caco chegar, Camila chamou por Socorro.
- O que houve?
- Socorro, eu não estou bem. Me sinto fraca, qualquer movimento é dolorido... Acho que vou morrer...
- Cruz credo, não fala uma coisa dessas, dona Camila. Deixa eu ver - Socorro encosta sua mão na testa de Camila - nossa, a senhora está com febre. Vou buscar um comprimido.
A empregada trás o comprimido e a garota doente o toma
- Pronto. Se a senhora continuar mal, me chama e eu ligo para o doutor.
- Está bem. Obrigada Socorro.
Ainda na mesma noite, a garota piorou. Tentou chamar pela empregada, mas quase não conseguia falar. Logo Caco chega da viagem.
- Caco - a garota suspira
- Cami, o que houve?
- Não sei, mas estou muito mal.
- Vou te levar ao hospital.
No hospital, Caco e o doutor conversam perto da porta.
- E então doutor, descobriu o que ela tem?
- Sim... Ela foi envenenada!
- Mas como?
- Alguém pôs veneno na comida ou bebida dela. Já fizemos uma lavagem estomacal, mas segundo os exames, o veneno já foi para a corrente sanguinea.
- Mas quem faria uma coisa dessa... Socorro
- Aconteceu alguma coisa?
- Foi a Socorro, minha empregada, só pode ter sido ela.
- E por que acha isso?
- É ela quem faz a comida lá em casa, então... Mas isso não vem ao caso agora. - Caco olha para dentro do quarto, na direção da cama - Ainda pode salvá-la?
- Posso, mas preciso saber qual foi o veneno utilizado, para saber que antídoto usar.
- Esta bem. Vou falar com a Socorro. Doutor cuide bem da minha namorada.
Caco vai pra casa e o doutor entra no quarto
- Está se sentindo melhor?
- Um pouco. O que eu tenho?
- Nada. Você não está doente. O que aconteceu foi que você ingeriu veneno
- Eu? Mas como?
- Alguém envenenou alguma coisa que você comeu ou bebeu
- A empregada
- Você tem certeza?
- Bom, há alguns dias, pouco depois de Caco ir viajar com a banda, eu ouvi a empregada conversando com um homem. Parecia que eles se conheciam. E ela pediu veneno pra rato.
- Veneno pra rato?
- Sim foi isso que ouvi.
Enquanto isso, na casa de Caco.
- Socorro, onde está você?
Socorro aparece
- Seu Caco?
Ele está zangado
- Socorro, você pôs veneno na comida da Camila?
- Sim, e daí?
- E daí? Daí que ela está morrendo
- Essa é a intenção
- O quê?
- Eu sei que está apaixonado por ela. Só cuidei de tirá-la do meu caminho
- Do que está falando?
- Todo esse tempo que eu trabalho aqui, eu sempre gostei muito do senhor.
- Eu também gosto muito de você, Socorro, mas não entendo por que você quer vê-la morta?
- Por que eu te amo seu Caco, e não quero te perder.
- Não tente me enrolar e me de o veneno!
- Jamais!
- Esta bem. Pegue suas coisas e vá embora desta casa. Está demitida.
Socorro vai e Caco senta no sofá levando as mãos ao rosto. Novamente no hospital, o doutor está pensativo com a mão no queixo.
- Veneno pra rato, faz uma semana...
Caco entra no quarto com lágrimas nos olhos
- Como ela está?
O médico olha para ele
- Sua namorada acordou Caco. Ela está bem e... – o doutor repara que Caco está chorando – O que houve? Está chorando?
- Não consegui pegar o veneno - ele fecha os olhos e mais lágrimas caem
- Não chore. Ainda há uma esperança. Ela me contou sobre uma conversa que ouviu, onde sua empregada comprava o veneno de alguém dentro de sua própria casa. E agora e sei qual foi o veneno utilizado e vou agora mesmo mandar fazer um antídoto.
O doutor sai do quarto. Camila e Caco se olham nos olhos e ela pergunta:
- Namorada?
Caco sorri
- Cami - ele senta-se e pega a mão dela - lembra aquele dia em que te levei pra minha casa?
- Lembro
- Sabe, eu achei que fazendo isso eu poderia retribuir seu carinho e amor e fã, mas...
- Mas?
- Mas durante a viagem, eu me encontrei perdido.
- Se encontrou perdido?
- É. A única coisa de que eu lembrava era você. Até das letras de algumas músicas eu esqueci.
Os dois sorriem juntos
- Sério?
- Sim, só Deus sabe o que eu passei naquele palco, assim como só Deus sabe que eu me apaixonei!
Eles ficam sérios e olham-se fixamente. Lentamente Caco aproxima seu rosto do rosto dela. Os olhos fecham-se e os lábios tocam-se. O amor que estava escondido, talvez preso na garganta, agora estava solto, exposto na forma de beijo.
- Aqui está o anti... - diz o doutor entrando no quarto e interrompendo o beijo. O casal olha pra ele - Desculpem a minha inconveniência, mas...
- Tudo bem. O que estava dizendo?
- Que aqui está o antidoto. No entanto, não há certeza de que o resultado seja positivo.
- O que isso quer dizer?
- Quer dizer que talvez o antidoto não faça efeito e eu morra. Quais são as chances, doutor?
- 30%!
- Como é, doutor? 30% de chance de ela sobreviver?
- Sim
- Se ainda há chance, ainda há esperança. Pode injetar.
Caco levanta-se dando espaço para o doutor, que injeta o antídoto diretamente na veia da garota. Ela começa a empalidecer e desmaia. O medidor de batimentos, no qual ela estava ligada fez o último “pip-pip” iniciou o “piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii”, que indicava que o coração parava de bater. Os doutores tentaram de tudo, mas ela não respondeu. Camila estava morta.
- Hora da morte, três horas e cinquenta e dois minutos - disse o doutor.
- Não!- gritou Caco ajoelhando-se ao lado da cama e segurando forte a mão dela
- Sinto muito, rapaz - fala o doutor tocando no ombro de Caco e depois sai do quarto.
- Cami, eu preciso de você, acorda - já sem conseguir controlar as lágrimas, ele levanta-se e beija Camila - eu te amo, Cami.
Nesse instante, o medidor de batimentos começou a indicar pulsação.
- Também te amo, Caco!
- Cami, minha Cami, você voltou - ele braça ela.
O doutor olha para dentro do quarto e espanta-se ao ver a garota acordada
- Mas isso é um milagre
Não muito depois, eles voltam pra casa. No quarto eles jogam-se na cama e beijam-se
- Cami, casa comigo?
- O quê? Que pergunta, mas é claro que eu caso com você.
Tomados pelo sentimento, o casal se entrega a essa força maior, o amor. Mas aquela não foi apenas uma noite de amor, foi a noite de amor.
Passados vários dias, talvez semanas, fazia já algum tempo que Caco saíra de casa, o guitarrista da banda liga pra casa dele. Camila atende:
- O Caco não vem? Já estamos atrasados
- Ele saiu faz mais de meia hora. Talvez esteja preso no trânsito.
No dia seguinte, a banda de Caco vai até a casa dele, mas ele não está nem em casa, nem com a banda.
- Ele não está em casa, pensei que tivesse com vocês.
- Conosco também não está
- Será que aconteceu alguma coisa? Não deveríamos ir perguntar nos hospitais...? – pergunta o baixista
O tecladista dá um tapa de leve na cabeça do baixista
- Deixa de dizer bobagens, animal.
- Sabe de uma coisa, ele pode estar certo – diz o guitarrista.
- O que você está dizendo? – questiona o tecladista
- Que Caco teria avisado se pudesse. Então o único jeito de ele não ter avisado seria se estivesse...
- Não. Não fale isso. Não na frente da Camila
- Tudo bem, Marco. Mas ainda tem uma pessoa que talvez possa saber de alguma coisa.
- Quem? – perguntam todos
- A Socorro
- A empregada?
- Mas é claro. Ela trabalhou aqui por tantos anos, talvez saiba algo sobre ele que nós não.
- Verdade. Alguém tem que ir falar com ela
- Eu vou – diz a garota – E vocês procurem nos hospitais e façam o BO.
Assim, os músicos vão até a delegacia e registram um BO do sumiço do vocalista Caíque Carvalho Garcia. Camila vai até a casa de Socorro e entra. Lá dentro, nada fora do normal, apenas uma modesta casa. Ao não encontrar ninguém, a garota pensou em sair, mas, de repente, um ruído vindo de algum lugar no interior da casa. O ruído vinha do porão, Camila entrou lá e ouviu uma conversa por trás de uma parede divisória.
- Socorro, me deixa sair daqui!
- Não, Caco, não posso deixá-lo ir. Não posso perdê-lo novamente
- Que história é essa, Socorro?
- Solta ele, Socorro! - Camila sai de trás da parede divisória. Caco estava preso numa espécie de cela e o porão era como uma masmorra.
- Olha só quem resolveu aparecer, a namoradinha do Caco. Ou melhor, a ex-namoradinha.
Camila pega Socorro pelo pescoço com uma das mãos
- Mandei você soltar o Caco
- Está bem, eu o solto.
Socorro abre a cela, mas imediatamente entra e a fecha. Camila tenta tomar a chave, Socorro a impede.
- É inútil, Camila. Não pode haver duas mulheres na vida dele. Uma de nós tem que ir embora agora e aceitar a derrota.
- Você tem razão, Socorro, não pode haver duas mulheres na vida dele. Infelizmente, uma de nós terá que ir, e eu tenho que aceitar.
- Então, vá, e nos deixe a sós
- Posso me despedir dele?
Caco se aproxima das grades e Camila também. Eles beijam-se.
- Tá bom, já chega já se despediram. Vá embora e não se atreva a voltar
Camila da dois passos pra trás. Caco abraça Socorro, pisca o olho para a outra garota e joga Socorro na cama dentro da cela. Camila abre a cela e Caco sai. A cela é novamente fechada. Socorro fica imóvel por alguns instantes
- É melhor irmos - diz Caco
- É tem razão
Quando os dois viram-se para ir, Camila é puxada pelo braço e é presa às grades da cela por uma algema. Caco é puxado para dentro da cela e derrubado na cama. A polícia aparece, bem quando a garota algemada consegue alcançar a chave. Caco consegue empurrar Socorro e ela caí perto de Camila que a algema nas grades. O casal segue pra fora da cela e um dos dois policiais solta Socorro das grades e a tira da cela. Sem se dar por vencida, Socorro tira um isqueiro do bolso e o joga acesso num barril.
- O que tem nesse barril? - pergunta um dos policiais
- Explosivos! Muitos explosivos!
Socorro algema os dois policiais e o casal
- Vocês vão todos morrer
Durante a fuga por uma passagem secreta, Socorro tropeça em uma armadilha de corda e fica presa. Enquanto isso, Caco puxa uma chave com o pé. A chave chega às mãos de Camila que consegue se soltar e solta os outros três. Os quatro correm. Enquanto sobem, as escadas se convertem em rampas. Um dos policias escorrega e tem um dos pés cortados por outra armadilha. O parceiro vai ajudar, os explosivos são ativados e uma enorme bola de fogo aparece. Camila e Caco descem as escadas e ajudam os policiais. Com certa dificuldade os quatro saem da casa que explode sem deixar vestígios.
Os policiais sofreram graves lesões e foram levados ao hospital.
- Os policiais já estão fora de perigo - disse o doutor ao casal - vocês foram muito corajosos, salvaram a vida de dois policiais.
- Qualquer um em nosso lugar faria o mesmo! - disse Caco
- Sim, mas foram vocês que o fizeram, por isso são heróis.
Mais tarde no quarto do casal
- Heróis - disse ela
- Sim, heróis - os dois deitam-se na cama - mas o mais importante é que agora nada poderá separar a gente.
Os dois riem juntos e logo se olham sérios.
- Amo você e mais ninguém, Camila!
- Amo você e mais ninguém, Caco! - Os dois beijam-se.
Muito tempo depois, mesmo passados sete meses, ainda havia escombros onde antes era a casa de Socorro. Pelo chão, vê-se uma sombra se aproximar. Aos poucos da sombra vê-se uma mulher, e logo se vê rosto dela. É SOCORRO, que olha para o nada e tem expressão zangada e grita ao vento.
- Isso não acaba aqui!
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