segunda-feira, 30 de março de 2015

UM NOME PARA MEU PAÍS

Era um país grande. Tinha vários estados, várias cidades, vários pontos turísticos. No entanto, tinha também um sistema de saúde pública mais do que muito precária, uma das piores educações do mundo e um governo democrático que chegava quase a ser uma ditadura. E assim, todo o país ia mal a pior e de pior ao fundo do poço.

Dentre as regiões, só a que ficava mais ao sul (e é assim que vou chamá-la) mantinha sua prosperidade e seu progresso, tornando-se assim o melhor lugar do país. Portanto, esta região sul, levava o resto do país em suas costas.

Preocupados com isso, os governadores dos três estados da região Sul reuniram-se em uma assembleia com os prefeitos, deputados estaduais, senadores e vereadores, a fim de resolver o problema do país.

Passaram-se horas de discussões incensáveis até sair de um prefeito uma boa ideia:

- Por que não separar a nossa região do resto do país?

Todos se olharam espantados. Seria aquela uma boa ideia? Um dos governadores sugeriu consultar o povo sobre a decisão e, se fosse da sua vontade, os governadores iriam pessoalmente entregar um abaixo-assinado à presidência e pedir a separação.

Dessa forma, todos os cidadãos dos três estados da região Sul, foram visitados por representantes do governo para exporem suas opiniões. No fim das contas, os governadores foram até a presidência e entregaram o pedido de separação com mais de 98% da população tendo assinado a favor da causa.

Diante dos fatos, a presidência viu-se praticamente obrigada a ceder aos pedidos e separar a região queixante do resto do país. A região Sul agora era um país independente.

Com uma grande festa, todo o novo país comemorou seu nascimento. A data foi decretada feriado nacional e oficial.

Mas no dia seguinte, quando tudo deveria voltar ao normal, os governadores, vereadores, prefeitos, deputados, etc. e tal, estavam novamente em reunião. Dessa vez o motivo era outro: o presidente da nova República e o nome dela. E passaram-se horas de discussão, até chegar à uma conclusão: eleições para presidente, tendo como candidatos os governadores. E o nome do país? Isso acontece depois.

As eleições foram disputadíssimas. Os habitantes do estado Paralá votaram todos no seu governador, do mesmo modo que os habitantes de Santa Catarata e Lago do Sul votaram cada qual para o governador correspondente ao seu estado. Ou seja, ganharia a eleição, o governador do estado mais populoso. E qual era o estado mais populoso? Você pergunta. Então não vou deixá-lo ansioso, o estado mais populoso é Lago do Sul, que logo depois teve nova eleição para escolher o novo governador.

Foi assim que nasceu um novo país, uma nova República, uma nova nação, de nome... Espera aí, eu não contei como surgiu o nome. Então vamos lá.

O presidente decretou Povo Alegre, capital de Lago do Sul, capital temporária do país (que posteriormente passou a ser a cidade de Arroio do Centro, também em Lago do Sul). Parecia que enfim tudo estava resolvido, quando os habitantes começaram a se perguntar sobre o nome do país onde viviam, afinal de contas a região sul, agora um país independente, fora desmembrada do resto do antigo país, o que significava que eles deveriam arrumar outro nome.

Estados Unidos do Sul, República do Sul, Estado Democrático do Sul, ou simplesmente Sul, foram algumas das opções, mas no final, a população votou por "República Democrática dos Estados Unidos do Sul", ou apenas "Demos Sul", o país que nascia sob a promessa de fazer um governo realmente democrático (Democracia = governo do povo).


Foi assim que nasceu um novo país, uma nova República, uma nova nação (eu já não disse isso?), um país que levou a sério o significado de democracia. Hoje em dia, o que se comenta, é que não há melhor lugar para se viver do que Demos Sul, e isso só aconteceu graças a uma narrativa como essa.

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