A Medicina do Amor
Dra. Helena entra na sala de autópsia onde Dra. Valkyrie à espera.
- Onde está o cadáver? – pergunta Dra. Helena
- Ainda não trouxeram – responde Dra. Valkyrie.
Algum tempo depois o cadáver é trazido, um rapaz de uns vinte anos. As
legistas calçam as luvas e se põe a trabalhar.
- Sabemos o nome dele? – pergunta Valkyrie
- Gabriel Gressil.
- Gressil? Ele é parente de Peter Gressil? – pergunta Valkyrie. Peter
Gressil é cantor, tem mais de sessenta anos, seu auge fora há décadas e é ídolo
de Valkyrie.
- Não sei...
- Acho que é filho dele – diz Valkyrie examinando o rosto do cadáver
- E isso faz alguma diferença?
- Talvez... Vamos terminar a autópsia.
As legistas autopsiam o corpo do rapaz, chegando à conclusão de que ele
fora envenenado e, marcas de enforcamento em seu pescoço continham digitais
que, poderiam levar ao possível assassino.
- Tenho os resultados das digitais no pescoço dele – diz Helena – são de
uma mulher, Nicole Anderson-Gressil. Esse nome lhe soa familiar?
- A esposa de Peter Gressil... – diz Valkyrie pasma
- Você está me dizendo que esse menino foi morto pela própria mãe?
- Vem comigo, eu preciso te mostrar uma coisa.
Valkyrie leva Helena até o arquivo de autópsias e pega cinco arquivos
específicos e os mostra para Helena.
- Quando fiz minha tese, eu usei alguns desses arquivos
como material de pesquisa. Esses cinco arquivos são dos pais de Peter Gressil,
do irmão dele e dos dois melhores amigos. Todos foram assassinados, mas em
nenhum caso, o assassino foi descoberto.
- Quer me dizer que você acha que a própria esposa de
Peter teria matado todas as pessoas próximas a ele?
- Talvez. Eu preciso reler esses arquivos e ver se
existe alguma evidência do envolvimento dela nesses crimes.
Após analisar
minuciosamente os arquivos das cinco autópsias, Valkyrie descobre evidências do
envolvimento de Nicole nos crimes. Munida com os arquivos das autópsias e o
arquivo da autópsia de Gabriel Gressil, feita por ela e Helena, Valkyrie vai
até a delegacia e conta tudo o que descobriu.
Nicole e Peter são
chamados à delegacia para depor. Valkyrie ainda está lá e vê quando Nicole é
presa. Ela grita pedindo para que não façam àquilo. Peter está pálido e
atônito. Nicole vê Valkyrie próxima à saída.
- Foi você! – diz Nicole – você foi a vadia que fez isso
comigo.
- Desculpe? – responde Valkyrie calmamente, girando nos
calcanhares para encarar Nicole.
- Você me fez ser presa!
- Você fez isso consigo mesma. Eu só não entendo por
quê.
- Peter deveria ser só meu!
O policial leva Nicole.
Peter continua atônito, mas agora olha diretamente para Valkyrie. Ela olha de
volta para ele.
- Sinto muito – diz ela
- Tu... Tudo bem... Eu só... Minha própria esposa...
- Vai ficar tudo bem
...
- Ela foi presa!
- O quê? – pergunta Helena quando Valkyrie entra na sala
de autópsia.
- Nicole foi presa – responde Valkyrie calçando as luvas
para ajudar Helena com o cadáver que ela está autopsiando.
- Então você conseguiu.
- Sim...
- Por que você parece triste? Não era o que você queria?
- Era, mas, Peter estava lá quando ela foi presa. Ele...
Ele ficou muito mal com o que aconteceu.
- Entendo, mas, o que mais você poderia fazer?
- Eu só queria poder fazer alguma coisa por ele...
- Só se você voltasse no tempo e impedisse Nicole antes...
Valkyrie ergue as
sobrancelhas e abre um largo sorriso para Helena.
- Helena é isso!
- É isso o quê?
- Voltar no tempo! Impedir Nicole antes de ela fazer sua
primeira vítima!
- Ok, mas como você vai fazer isso?
- O Dr. Jonas!
- O Dr. Jonas? Ele é cardiologista, o que tem a ver?
- O projeto secreto dele, ele não lhe disse nada?
- Tem razão. Ele está trabalhando em uma máquina do
tempo. Mas, será que funciona?
- Vamos terminar com esse cadáver e depois o procuramos.
- Funciona – diz Dr. Jonas – mas por que a pergunta?
Valkyrie e Helena
explicam a Jonas o motivo de quererem voltar no tempo. Jonas leva as legistas
para seu laboratório e lhes mostra a máquina do tempo.
- Pra qual ano, Valkyrie?
- 1981. Novembro de 1981.
Então, Jonas configura a máquina do tempo para o ano de 1981. Valkyrie
se despede deles e entra na máquina do tempo, levando consigo apenas um bloco
de notas com algumas anotações importantes. Ao entrar na máquina do tempo, Valkyrie
sente sua cabeça girar enquanto parece que duas mãos invisíveis lhe puxam pela
cintura. Sua visão torna-se turva. Quando ela recobra os sentidos, está em pé
no meio de um terreno baldio.
Valkyrie olha em volta. Já é noite. Enquanto desce a rua, ela vê ao
fundo de uma casa, uma casa na árvore. Começa a chover. Sem opção ela se
esgueira pelo quintal e se abriga na casa da árvore. Lá dentro, à luz de uma
lanterna, Valkyrie pega seu bloco de notas e analisa suas anotações.
“A primeira vítima de Nicole foi o pai de Peter. O crime deverá
acontecer essa semana, mais especificamente em duas noites, nas docas. O corpo
será encontrado dentro da casa de barcos. Acho que vou até a delegacia amanhã”.
No dia seguinte, Valkyrie acorda com o ronco de um caminhão. A família
que mora na casa está se mudando. Valkyrie permanece escondida até todos irem
e, então desce da casa da árvore e vai até a frente da casa. Uma placa de
vende-se está posta no gramado. Valkyrie então deixa o local para ir até a
delegacia. Chegando lá, ela fala para o delegado sobre Nicole e o que estava
prestes a acontecer. Obviamente não lhe acreditaram.
Então, na noite do crime, Valkyrie vai até as docas e vê da porta da
casa de barcos o momento em que Nicole começa a agir. Sem pensar duas vezes,
ela chama a polícia. Quando os policiais chegam à cena do crime, Nicole não
está mais lá, apenas o cadáver do pai de Peter.
No dia seguinte, Peter esbarra com Valkyrie na saída da delegacia. Ele
usa óculos escuros.
- Você – diz ele – você estava nas docas ontem. Foi você quem achou o corpo de meu pai
- Sim... Meus pêsames, Peter.
- Obrigado... Disseram que ele... Ele foi assassinado... Você... Você por acaso não viu quem foi?
- Vi. Por isso que estou aqui.
- Você veio para fazer um retrato falado?
- Não será necessário. Eu sei exatamente quem foi.
- Quem foi?
- Não sei se devo lhe dizer.
- Por que não? Quem foi?
- Nicole...
- Nicole? Minha namorada? Por que ela faria isso?
- É uma longa história... Outra hora eu te conto... – Valkyrie faz menção de entrar na delegacia.
- Espere – diz Peter segurando Valkyrie pelo braço e baixando os óculos escuros para olhar diretamente nos olhos dela – me encontre hoje à noite no restaurante ali na frente. Você vai me contar tudo.
- Tudo bem.
Valkyrie entra na delegacia e diz ao delegado o que ela viu na noite anterior. O delegado custa a acreditar, pois Valkyrie já havia acusado Nicole antes. Achando a atitude de Valkyrie suspeita, o delegado apenas diz que irá investigar. À noite, Valkyrie encontra Peter no restaurante conforme combinado.
- Então – diz ele – conte tudo
- Está bem. Eu vim do futuro...
Peter começa a rir escandalosamente.
- Você não espera que eu acredite nessa história, não é
mesmo?
- No seu lugar eu também não acreditaria, mas me deixe
explicar, depois você tira suas próprias conclusões.
Valkyrie conta tudo.
- Então minha namorada matou meu pai e vai matar meus
dois melhores amigos, minha mãe, meu irmão e nosso futuro filho? Nicole vai
matar o próprio filho?
- Só se eu não conseguir impedi-la.
- E como você pensa em fazer isso?
- Mike
- Mike?
- Amanhã à noite – Valkyrie mostra as anotações em seu bloco de notas.
Na noite seguinte, Valkyrie vai novamente até as docas e vê Nicole arrastar Mike para dentro da casa de barcos. Ele está amordaçado e amarrado e luta para se soltar enquanto tenta gritar por socorro. Valkyrie vai até a casa de barcos e espia pela janela quando Nicole coloca Mike sentado numa cadeira. Valkyrie sente alguém tocar seu ombro e apressa-se em colocar a mão em sua boca para não gritar.
- Peter, você me assustou – cochicha Valkyrie.
- Desculpa. O que você está fazendo? – Peter também está
cochichando.
- Olha ali dentro.
- Mike... E aquela é... Nicole... Não, não é possível...
- Sinto muito, Peter... - Valkyrie fica em silêncio por
um instante, depois tem uma ideia – chama a polícia.
- O quê?
- Chama a polícia – Valkyrie caminha até a porta.
- O que vai fazer?
- Salvar a vida do seu amigo.
Valkyrie entra na casa de barcos. Nicole, que está com uma faca grande
nas mãos, está de costas para a porta e não percebe Valkyrie se aproximando e
segurando a mão dela antes de ela apunhalar Mike. As duas lutam corpo a corpo.
A polícia chega e Peter indica Nicole como sendo a criminosa. A mordaça de Mike
é retirada e ele confirma. Nicole é presa.
- Obrigado – diz Mike abraçando Valkyrie – salvou minha
vida
- Não foi nada
- Eu também tenho que te agradecer – diz Peter – não
fosse por você eu teria me casado com uma psicopata.
Peter abraça Valkyrie e
beija seu rosto. Após se despedirem de Mike, que foi com sua noiva para casa,
Peter convida Valkyrie para tomar uma cerveja.
- Então, você vai voltar para o futuro?
- Não...
- Por que não?
- Eu preciso da máquina do tempo para viajar pelo tempo
e, como eu vim para o passado, eu precisaria refazer a máquina do tempo.
- E como você fez na primeira vez?
- Não fui quem fiz, foi um colega meu. Ele só me deixou
usar.
- Nesse caso...
- Eu vou ficar nos anos 80 – Valkyrie nota em Peter um
sorriso e um brilho diferente em seu olhar – que sorriso é esse?
- Que sorriso?
- Você deu um sorriso bobo quando eu disse que ia ficar
nos anos 80.
- Eu só fiquei feliz em saber que não vou ter que
esperar sabe lá quantos anos pra te ver de novo... – Peter nota Valkyrie sorrindo
– agora foi você quem deu um sorriso bobo...
- É que você nunca esperaria que seu próprio ídolo fosse
te dizer que espera te ver de novo...
- Ídolo? Então eu ainda vou ser famoso no futuro?
- Na época de onde eu vim sim.
- De quantos anos no futuro estamos falando?
- 30
- Ou seja, eu vou ter mais de 60... Acho que eu teria
idade pra ser seu avô...
- Que idade você acha que eu tenho?
- Você não parece ter mais de 20 anos.
- 28
- Sério? O que vocês bebem no futuro?
- Você ficaria surpreso se visse você mesmo no futuro.
Você praticamente não envelheceu.
- Então eu me torno um velho sexy?
- Eu diria que você é como vinho, quanto mais velho mais
gostoso.
Os dois riem.
- E o que você fazia lá no futuro?
- Eu era legista.
- Então foi assim que descobriu o que Nicole fez?
- Sim. Inclusive fui eu quem autopsiou seu filho... Eu
já te contei a história, lembra?
- Lembro, quando nos encontramos pela primeira vez... –
Peter fica em silêncio por alguns minutos – e lá no futuro, você tinha alguém?
- O que quer dizer?
- Você era casada? Tinha namorado?
- Estava solteira há quase um ano. Meu último namorado
era um babaca. Achava que o mundo girava ao redor dele, aí quando eu não quis
largar meu emprego para viajar o mundo com ele, ele terminou comigo...
- Quem saiu perdendo nessa história foi ele.
- Você acha?
- Bom você voltou no tempo e alterou a história por mim.
Acho que não tem como ser melhor que isso. Eu até agora não sei como ou se tem
como te agradecer de alguma forma.
- Só de eu ter conseguido impedir Nicole, só de saber
que você vai ficar bem, eu já me sinto agradecida.
Peter e Valkyrie
continuam conversando por mais algumas horas. Depois ele a acompanha até a casa
onde ela estava abrigada. Valkyrie mente dizendo que já havia comprado a casa.
Peter a abraça, beija seu rosto e antes de ir para sua casa, pergunta se eles
podem se ver de novo.
Em alguns meses,
Valkyrie conseguiu se estabelecer de vez nos anos 80. Para tanto, ela convenceu
algumas pessoas de que havia perdido todos os seus documentos em um incêndio.
Realmente havia uma casa que havia queimado na cidade, mas como não houve
sobreviventes, Valkyrie conseguiu convencer as pessoas necessárias de que ela
morava naquela casa também.
...
Valkyrie e Peter se
tornaram amigos bem próximos. Sempre que podiam eles se encontravam para tomar
uma cerveja e conversar. Em uma ocasião, Mike e Joanna, os melhores amigos de
Peter, os encontraram no bar.
- Então essa é a famosa Valkyrie – diz Joanna
- Famosa? – pergunta Valkyrie
- Ela diz isso porque Peter não para de falar em você –
responde Mike
- Verdade que você voltou no tempo? – pergunta Joanna
entusiasmada – como foi?
Valkyrie conta toda a
história. Os olhos de Joanna brilham enquanto ela ouve. Mike também mostra
bastante interesse.
- E como Jo e eu seremos no futuro? – pergunta Mike
- Bom, eu não sei...
- Que quer dizer? – pergunta Mike
- Bom, lembra aquela noite lá nas docas? A Nicole ia...
- Me matar...
- E eu? – pergunta Joanna já imaginando qual será a
resposta
- Se Mike tivesse morrido, você e Peter se tornariam
muito próximos. Logo após Nicole e Peter se casarem, ela iria atrás de você...
Joanna fica paralisada
por alguns instantes até conseguir falar.
- Bom, mas como Nicole foi presa e, Peter vai casar com
você, nenhum de nós vai morrer tão cedo, não é mesmo?
- Peter vai casar comigo? – Pergunta Valkyrie confusa
- Desculpa – responde Joanna constrangida – é que...
Como Peter está sempre falando em você, eu achei que vocês dois estavam juntos.
- Tudo bem, não precisa se desculpar – sorri Valkyrie.
Todos sorriem e
continuam conversando por mais algumas horas. Mike e Joanna se despedem e vão
para suas casas. Peter acompanha Valkyrie até sua casa.
- Valkyrie, eu... Sobre o que a Jo disse lá no bar...
- Tudo bem, ela só se equivocou.
- Sim, mas... Eu... Eu realmente penso em casar com
você!
Valkyrie fica sem saber
como responder, apenas olha para Peter. Ele também não diz mais nada, e, sem
prévio aviso, se aproxima dela, segura seu rosto com as mãos e beija sua boca.
- Você fez o quê? – pergunta Joanna. Ela, Peter e Mike
estão no apartamento dela.
- Beijei a Valkyrie – diz Peter distraidamente
- Esse Peter não perde tempo – diz Mike sorrindo
- Mas foi só um beijo ou teve algo mais? – pergunta
Joanna empolgada.
- Foi só um beijo, Jo. Eu nem sei se vai ter algo a
mais...
- O que quer dizer? – pergunta Joanna franzindo as
sobrancelhas.
- Antes de beijá-la eu disse que queria casar com ela.
Ela não disse nada, ficou apenas me olhando. Aí eu a beijei. Depois ela
continuou só me olhando enquanto eu subia a rua pra ir pra minha casa.
- Ela só ficou sem reação – responde Joanna – ela gosta
de você, mas talvez não esperasse que você fosse dizer que quer casar com ela.
- Jo está certa, Peter – diz Mike – eu acho que você
devia falar com ela, só vocês dois.
À noite, Peter vai até
a casa de Valkyrie. Ela atende a porta, cumprimenta Peter beijando seus lábios
e o convida para entrar.
- Eu queria falar com você – diz ele sentando-se no sofá
– ontem à noite...
- Você me pegou de surpresa – sorri ela – eu jamais
pensei que você sentisse por mim o mesmo que eu sinto por você...
- Então, você aceita ser minha esposa?
- É claro que aceito!
Valkyrie senta-se no
colo de Peter, apoiando os joelhos no sofá, e o beija. Conforme o clima entre
os dois esquenta, Peter tira a camiseta de Valkyrie e ela em contra partida
tira a camiseta dele.
- Peter, vamos para o meu quarto?
- Vamos
Valkyrie levanta-se, pega a mão de Peter e puxa ele escada a cima.
Nenhum dos dois repara na figura feminina os observando da janela.
Meses mais tarde, Peter se muda para a casa de Valkyrie e eles decidem
dar uma festa para celebrar seu noivado. Durante a festa ninguém reparou na
mulher que os observava da janela. Depois de todos os convidados irem embora, Peter
e Valkyrie sentam-se no sofá, terminam suas últimas taças de vinho e decidem ir
deitar. Enquanto sobem a escada, uma mulher golpeia a cabeça de Valkyrie com um
taco de baseball fazendo-a desmaiar.
- Nicole? – diz Peter virando-se a tempo de evitar que
Nicole o golpeie também.
- Sentiu minha falta, Peter?
- Definitivamente não.
- Então a vadia do futuro conseguiu. Ela conquistou
você.
- Não chame ela de vadia!
- Por que se importar? Você sabe que eu vou matá-la –
Nicole deixa cair o taco de baseball e pega uma faca grande.
- Por favor, não!
- Então vamos fazer um acordo. Eu a deixo viver, mas
você vai deixá-la e virá comigo. Nos casaremos e você será só meu.
- Jamais!
- Então prefere que eu mate sua namoradinha?
- Se quiser matá-la, terá que matar primeiro!
- Você sabe que eu jamais te machucaria, Peter. Eu amo
você!
- Não, não ama. Se amasse você não tentaria me prender a
você. Se me amasse realmente você não tentaria matar todas as pessoas próximas
a mim.
- Todas as pessoas próximas a você? Mas eu só matei seu
pai. Quando fui matar aquele tonto do Mike sua namorada me impediu e...
- Exatamente. Valkyrie te impediu. Ela sabia que você
iria matar Mike, depois a Jo, depois meu irmão, minha mãe e por último nosso
filho...
- Nosso filho? – Nicole sorri, larga a faca e abraça
Peter – nós vamos ter um filho?
- Não – Peter segura Nicole pelos pulsos - Nós não vamos
ter um filho. E sabe por quê? Porque Valkyrie abriu meus olhos e me fez ver o
tipo de mulher que você é, sua louca.
Ainda segurando um dos
pulsos de Nicole, Peter pega o telefone.
- O que está fazendo? Pra quem está ligando?
- Hospício. Lá é o lugar para pessoas como você.
- Está me dizendo que eu sou louca só por te amar
demais?
- VOCÊ NÃO ME AMA! O que você fez não é amor, é
obsessão. Você precisa de ajuda, precisa de tratamento psicológico. Mas se
preferir eu posso ligar pra polícia e...
- NÃO! – Nicole com um impulso solta seu pulso que Peter
segurava – Você não vai fazer isso comigo.
Nicole pega o taco de
baseball e ataca Peter. Ele desvia e tenta segurar Nicole para impedi-la de
agir, mas sem sucesso. Nicole golpeia Peter na cabeça e ele desmaia.
...
- O que... O que aconteceu? – pergunta Valkyrie que
acaba de acordar.
Valkyrie depara-se com
a enfermaria de um hospital abandonado. Toda a sala estava revirada, camas
quebradas, utensílios espalhados pelo chão. Valkyrie olha em volta e percebe
Peter sentado há poucos metros de distância dela. Está amarrado em uma cadeira
e desacordado. Valkyrie tenta andar até ele, mas percebe que suas mãos estão
amarradas em uma cama.
- A vadia do futuro acordou – diz Nicole entrando na
sala.
- Nicole? O que você...? O que significa isso?
- Você vai deixar o Peter!
- Nunca!
- Você é quem sabe, mas me diga você o ama?
- Amo.
- Então se você o ama você vai deixá-lo.
- Por quê?
- Porque você não vai querer vê-lo sofrer, não é mesmo?
- O que quer dizer?
Nicole pega uma faca e
faz um corte na perna de Peter. Ele acorda e solta um gemido de dor.
- NÃO! – clama Valkyrie – por favor, não!
- Só paro quando você disser que vai deixá-lo.
Nicole continua
cortando Peter. Ele grita de dor enquanto o sangue lhe escorre por todo o corpo.
Valkyrie também grita ao mesmo tempo em que tenta soltar suas mãos. Após alguns
minutos de agonia, Nicole crava a faca na barriga de Peter.
- NÃO! – Valkyrie grita e puxa as mãos com tanta força
que consegue arrebentar as cordas que à prendem à cadeira.
Valkyrie corre na
direção de Nicole e a derruba. Apoiando seus joelhos sobre os braços de Nicole,
Valkyrie soca seu rosto até ela desmaiar.
- Peter? – Valkyrie ajoelha-se ao lado de Peter. Ele
está desmaiado – Peter?
Valkyrie desamarra
Peter e o deita no chão. Ela tenta estancar o corte na barriga dele, mas sem
sucesso. O corte fora superficial, mas profundo e extenso o bastante para ele
perder muito sangue. Peter está morrendo. Valkyrie olha em volta e encontra
alguns utensílios médicos que poderia usar e sutura o corte na barriga. Depois
trata os outros cortes. Peter ainda está desacordado, sua pulsação está caindo,
ele precisa de uma transfusão de sangue urgentemente.
Sem muitas opções,
Valkyrie pega algumas agulhas e uma bolsa de coleta de sangue e os utiliza em
si mesma, retirando seu próprio sangue. Logo em seguida, transplanta o sangue
em Peter. Enquanto espera o transplante terminar, Valkyrie amarra Nicole e
procura por um telefone. Depois de chamar a polícia e uma ambulância, Valkyrie
volta para junto de Peter. Quando ela senta-se ao lado dele, ele acorda.
- O quê...?
- Calma, Peter, não faça movimentos bruscos.
- O que aconteceu? – Peter tenta levantar-se. Valkyrie o
ajuda a sentar-se – O que é isso no meu braço?
- Nicole te esfaqueou. Você perdeu muito sangue. Eu tive
que improvisar uma transfusão.
- De quem é esse sangue? – pergunta Peter indicando a
bolsa de sangue conectada a seu braço. Valkyrie mostra o próprio braço. Peter
ergue as sobrancelhas – você não fez isso...
- De onde mais eu tiraria o sangue? Da Nicole?
- Eu não ia querer o sangue ruim dela nas minhas
veias...
Os dois riem. Logo a
polícia chega. Nicole é presa e dessa vez não fugiu novamente. Quando a
ambulância chega, Peter já está melhor. Os médicos o examinam e constatam que
não fosse a transfusão improvisada que Valkyrie fez Peter não teria
sobrevivido. Tal feito rendeu a Valkyrie uma medalha por bravura.
Meses mais tarde Valkyrie
e Peter se casaram. Anos mais tarde eles tiveram um filho, o qual foi chamado de
Gabriel. Nicole, até onde se sabe, morreu na prisão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário