O Crime de Amar
Valkyrie chega ao estúdio e pergunta pelo homem que havia lhe ligado mais cedo a convidando para ir até lá, Clarence. Ele é produtor musical e, após analisar a fita demo enviada por Valkyrie, pediu que ela fosse até o estúdio.
Ao encontrá-la Clarence a apresenta todo o estúdio e a leva para assinar contrato. Ambos combinam o horário no dia seguinte para ela começar a gravar seu primeiro álbum e em seguida, Clarence se oferece para acompanhar Valkyrie até a saída.
- Clarence – chama uma voz masculina de dentro de uma sala – podemos falar com você?
- Claro. Valkyrie vem comigo, quero te apresentar alguns amigos.
Dentro da sala, há um total de seis pessoas. Joanna, uma mulher de cabelos curtos pintados de rosa, os gêmeos Jonas e James, Jeremy, um homem mais velho, já grisalho, Harry, um homem parecendo ser mais jovem que os demais, não aparentando ter mais de vinte e cinco anos e Peter, o homem que chamou Clarence, um homem de olhar penetrante e cabelos escuros e espetados.
- Pessoal, essa é Valkyrie, ela é a nova contratada do estúdio.
- Oi Valkyrie – todos cumprimentam.
- Oi pessoal – responde ela
- Gostei de sua camiseta – diz Peter. Valkyrie sorri. Nesse momento Clarence percebe que Valkyrie usa uma camiseta da banda que acabara de conhecer.
- Então, acho que não preciso apresentá-los a você – diz Clarence constrangido.
Com o passar dos meses Valkyrie lança seu primeiro álbum. No estúdio ela faz amizade com algumas pessoas, dentre as quais Peter e sua banda estavam no topo. Joanna e Valkyrie se tornaram melhores amigas.
...
- Clarence, temos um problema. Joanna acabou de ligar, ela não vai conseguir voltar antes do show. Precisamos arrumar uma nova backing vocal para amanhã. – diz Peter. Joanna havia viajado em uma turnê solo.
- O que aconteceu? A turnê dela não terminou ontem?
- Sim, mas os voos dessa semana foram todos cancelados. Ela só vai conseguir voltar semana que vem.
- Mas onde vamos encontrar... – Clarence vê Valkyrie andando pelo corredor – eu tive uma ideia!
- Que ideia?
- Valkyrie!
- Está falando em convidarmos Valkyrie para substituir Joanna até ela voltar? É uma boa ideia, porque sendo ela nossa fã...
- Ela conhece as músicas. Uma tarde de ensaio deve ser suficiente.
Clarence chama Valkyrie e ela concorda em substituir Joanna.
- Onde ela está? – pergunta Peter. Valkyrie já deveria ter chegado para o show.
- Tentou ligar? – pergunta Clarence. O celular de Peter vibra.
- Ela me mandou uma mensagem. Ela disse que está presa no trânsito.
Cerca de meia hora depois, Valkyrie chega.
- Desculpa a demora, pessoal. Fiquei presa no trânsito.
O show aconteceu normalmente. No entanto, quando voltaram para o camarim, um homem alto vestindo sobretudo, os esperava.
- Qual de vocês é Peter Gressil? – pergunta o homem
- Sou eu!
- Detetive Monroe – diz o homem mostrando um distintivo – o senhor é o marido de Jessica Gressil?
- Sim – responde Peter confuso
- Sua esposa foi encontrada morta em um Beco na Rua Canela. Eu sinto muito.
A cor sumiu do rosto de Peter. Sua expressão é indecifrável. As mãos dele estão trêmulas e ele demora um pouco para conseguir falar.
- Qual foi a causa de morte?
- Assassinato. Ela foi esfaqueada. Eu vou precisar interrogar todos vocês.
- Espera – diz Clarence. Todos estão próximos a Peter tentando consolá-lo – está dizendo que somos todos suspeitos? Estávamos todos aqui.
- Eu entendo – diz o detetive – mas são os procedimentos padrões de uma investigação criminal.
...
- Peter! Que surpresa! – diz Valkyrie abrindo a porta e convidando Peter para entrar. Fazia quase um mês desde a morte de sua esposa – faz dias que não te vejo.
- Pois é, eu...
- Tudo bem, eu entendo – Valkyrie convida Peter a sentar-se – então, em que posso ajudar?
- Na verdade eu só vim pra conversar – responde Peter acomodando-se no sofá – o psicólogo disse que me faria bem conversar com outras pessoas. Então decidi vir aqui.
Peter e Valkyrie passam a tarde conversando. Pela primeira vez desde a morte de Jessica, Peter conseguiu sorrir. A companhia de Valkyrie lhe fez muito bem.
- Caraca, o que é aquilo? – diz Peter levantando-se e andando até uma estante repleta de CDs, fitas cassete e Vinis – que coleção incrível!
- É só minha coleção particular – responde ela
- Caraca, só clássicos! Sabe, eu tenho uma coleção também, mas acho que não grande quanto a sua.
Antes de Valkyrie poder dizer qualquer coisa, alguém bate à porta.
- Pois não? – pergunta Valkyrie atendendo a porta. Lá estão o detetive Monroe e um policial.
- A senhora é Valkyrie MacKarlek? – pergunta o detetive.
- Sim. Em que posso ajudar?
- A senhora está presa pelo assassinato de Jessica Gressil.
- O quê? – diz Valkyrie – eu não fiz isso
- Diga isso para o juiz – diz o policial fazendo-a virar de costas para algemá-la. Peter está logo atrás dela e a olha com descrédito.
- Peter, eu te juto, eu não fiz isso. - Valkyrie é presa.
Os dias passam. Valkyrie praticamente não saia da cama dura de sua cela, ficava quase o dia todo deitada. Ao fim de uma tarde, o carcereiro passa pelas celas deixando o jantar para os presos. Valkyrie não se mexe, permanece deitada com o rosto virado para a parede.
- Você precisa comer – diz o carcereiro.
- Estou sem fome.
- Escuta, desde que você chegou aqui você não sai dessa cama, você não tem comido, você não vai para o pátio tomar Sol... Isso só vai te fazer mal.
- E ter sido presa por um crime que eu não cometi não me fez mal pelo visto...
- Entendo... De qualquer forma seu jantar está aqui.
O carcereiro continua andando pelas celas. Logo ele volta para a cela de Valkyrie acompanhado por um homem de terno.
- Valkyrie, o seu advogado está aqui. – o carcereiro abre a cela e o advogado entra.
- Olá, Valkyrie!
- Olá, Doutor! – Valkyrie senta-se.
- Então, vamos começar. Onde você estava na noite do crime?
- Com Peter e a banda dele. Estávamos fazendo um show. Eu substituí a backing vocal deles.
- Segundo o que eu soube o crime aconteceu por volta das 6 horas da tarde. Você já estava com a banda nessa hora?
- Não. Eu estava a caminho. Fiquei presa no trânsito. Cheguei lá por volta de 7 da noite. O show estava marcado para as 10.
- Você passou pela Rua Canela aquele dia?
- Não. Mas quando eu estava na Avenida Torres, eu vi dois homens brigando. Um em um Volvo branco e o outro em uma Toro azul. O homem da Toro bateu no Volvo, então os dois saíram de seus carros e trocaram socos. Foi bem na minha frente. Aí chegou a polícia e uma equipe de TV estava filmando. Meu carro deve ter aparecido nas filmagens...
- Sim, de acordo. Qual o modelo do seu carro? – o advogado anota tudo.
- É um Volvo, preto, ano 2010.
- Certo. Vou repassar ao detetive. Se encontrarem alguma filmagem e comprovarem que você estava na Avenida Torres na hora do crime, você estará livre. Só me diga a placa de seu carro.
Valkyrie diz a placa de seu carro para o advogado e diz o endereço de seu apartamento para que, caso o detetive julgasse necessário, fosse feita a perícia do carro e também do apartamento. O advogado vai ao encontro do detetive. Valkyrie volta a deitar-se na cama dura de sua cela com o rosto virado para a parede. Logo o carcereiro volta.
- Você tem visita. – Valkyrie vira-se e depara com um homem de olhar penetrante e cabelos espetados.
- Peter? – diz ela sentando-se.
- Oi – diz ele sentando-se na cama ao lado dela – então, como tem passado?
- Horrível...
- Seu advogado me falou que você logo vai sair daqui, então vai ficar tudo bem, não é?
- Se é que minha carreira não acabou depois disso...
- Você sempre será bem vinda à minha banda.
Valkyrie abre um sorriso leve.
- Obrigada.
- Escuta, eu sei que não foi você quem fez aquilo. Eu acredito em você.
Valkyrie abraça Peter.
- Obrigada! Você não sabe o quanto isso significa para mim!
- Eu sei o que é pagar por algo que você não fez.
- Sabe? – Valkyrie olha curiosa para Peter.
- Sim. Quando eu estava na escola, fizeram uma daquelas bombas caseiras fedidas e estouraram na sala dos professores. Eu vi quando colocaram e tentei avisar. No fim das contas acabei sendo expulso da escola. Meus pais me deixaram de castigo por meses. Ninguém acreditou em mim...
- Acho que você é a única pessoa que me entende...
- Eu posso dizer o mesmo... Você tem namorado?
- Eu já fui casada... Ele foi assassinado antes de eu me mudar pra cá...
- Sério? Eu... Sinto muito...
- Tudo bem, isso foi há muitos anos. Ele vendia carros e, um dia ouve um assalto... Depois disso eu mandei minhas fitas demo para o estúdio, Clarence me chamou e eu vim pra cá... Lá no estúdio era o único lugar onde eu não me sentia sozinha, mas agora...
- Você não está sozinha, nem nunca vai estar. Eu estarei sempre com você - Peter beija Valkyrie.
- Ei vocês dois – chama o carcereiro. Peter e Valkyrie estavam deitados na cama – essa não é uma visita íntima.
Depois de Peter ir embora, Valkyrie ainda permanece por alguns dias na prisão.
- Valkyrie – chama o carcereiro. Valkyrie levanta-se – você já pode ir.
Sem dizer uma palavra, Valkyrie caminha para fora da cela e anda pelo corredor até a saída onde Peter e o advogado a esperavam. Valkyrie e Peter se abraçam fortemente.
- Eles encontraram filmagens – diz o advogado – filmagens que inocentam você.
- Obrigada, doutor – Valkyrie abraça o advogado.
Valkyrie e Peter vão para o apartamento dela e entram no quarto. Valkyrie deita-se na cama.
- Estava com saudades da minha cama – diz ela sorrindo
- Depois de hoje você vai sentir falta de outra coisa aqui na sua cama – diz Peter sorrindo. Ele deita-se sobre Valkyrie e beija sua boca.
Alguns meses depois, Valkyrie e Peter assumem para seus amigos que estão namorando. Peter muda-se para o apartamento de Valkyrie. A carreira de Valkyrie não acabou como ela havia pensado que aconteceria, pelo contrário, continuou tão bem quanto sempre foi.
Em uma tarde de domingo, após um ano, Peter entra no quarto com uma caixa nas mãos e a coloca sobre a cama ao lado de Valkyrie.
- O que é isso? – pergunta ela
- Eu quero que você use isso hoje à noite. E, mais uma coisa, haja o que houver, não entre na cozinha. Estou preparando uma surpresa pra você e, se você entrar antes do tempo, vai estragá-la.
Valkyrie sorri.
- Tudo bem.
- Eu te aviso quando você puder ir – Peter sorri, beija Valkyrie e sai do quarto.
Às sete horas da noite, Valkyrie recebe uma mensagem de Peter dizendo que a surpresa está pronta. Valkyrie abre a caixa que Peter lhe deixou. Dentro dela, um vestido, azul escuro, da cor do céu noturno. É o vestido mais lindo que Valkyrie já viu em sua vida. Valkyrie o veste, ele serve perfeitamente, como se tivesse sido feito para ela. Minutos depois ela vai até a cozinha, seguindo uma trilha de pétalas, onde Peter a espera, vestindo jeans e uma camisa social branca. A cozinha está toda decorada com pétalas e velas por toda a parte, deixando a iluminação rosada.
- O que significa tudo isso? – pergunta Valkyrie maravilhada.
- Hoje é nosso aniversário, então eu quis fazer uma coisa especial. Vamos jantar?
Valkyrie e Peter sentam-se para jantar a luz das velas. Peter liga o rádio e uma música suave chega aos ouvidos do casal. Após o jantar, Peter permanece olhando para Valkyrie por alguns segundos.
- Que cara é essa? – pergunta Valkyrie
- Só estava te admirando. Você ficou tão linda com o vestido.
- Será que sem ele eu fico linda também? – Valkyrie sorri.
- Com certeza – Peter sorri também e fica calado por alguns segundos – Valkyrie eu quero te perguntar uma coisa.
- Pergunte
Antes de Peter poder dizer alguma coisa, ouve-se batidas na porta.
- Quem será uma hora dessas? – pergunta Peter levantando-se para abrir a porta.
- Valkyrie MacKarlek mora neste endereço? – pergunta um policial quando Peter atende a porta.
- Sim – responde Valkyrie – sou eu. Em que posso ajudar?
- Tenho um mandado de prisão para você.
Valkyrie arregala os olhos.
- Por quê? O que eu fiz?
- Você está sendo presa pelo assassinato de Jessica Gressil.
- Não foi ela – disse Peter – já foi provado isso.
- Recebemos uma denuncia anônima, um vídeo que incrimina Valkyrie.
O policial pega seu celular e mostra o vídeo para Peter e Valkyrie. Neste vídeo é possível ver Jessica sendo arrastada para o beco já desacordada por uma pessoa toda vestida de preto com corpo feminino. No vídeo era possível perceber que a mulher que levava Jessica tinha cabelos escuros e olhos verdes, como Valkyrie.
- Peter essa não sou eu, eu juro!
- Levem ela – diz Peter deixando uma lágrima lhe escorrer pelo rosto.
Peter não diz uma palavra. Valkyrie é algemada e levada para a penitenciária. Peter senta-se no sofá, pega uma caixinha de seu bolso e a abre. Por alguns longos minutos ele permanece observando a aliança dentro da caixinha com uma expressão apática em seu rosto. Estava tão apaixonado por Valkyrie que iria pedi-la em casamento, mas agora sentia seu coração partido e dúvidas pairavam sobre sua cabeça.
Dias mais tarde na penitenciária, Valkyrie chorava sem parar desde que fora presa. Não conseguia comer, nem beber, nem ao menos levantar da cama dura de sua cela. Por várias vezes o carcereiro entrou na cela de Valkyrie e sentou-se no chão ao lado dela e passou horas falando com ela, tentando consola-la, mas em vão. Valkyrie simplesmente não queria mais continuar viva. O advogado ia até lá todos os dias conversar com Valkyrie e tentar libertá-la a todo custo.
- Valkyrie eu tive uma ideia – diz o advogado – vamos assistir aquele vídeo juntos e ver se encontramos alguma evidência que comprove que aquela não é você.
Valkyrie concorda secando as lágrimas, seu rosto vermelho e inchado de tanto chorar. O advogado liga o vídeo e ambos começam a assisti-lo. Em dado momento, em uma fração de segundo do vídeo, a assassina de Jessica levanta o corpo da vitima quase na mesma altura que o seu. Era consideravelmente mais baixa que Jessica.
- Espera aí – diz Valkyrie – a altura dela, da assassina. Ela é mais baixa que Jessica.
- Sim, e...?
- Eu conheci Jessica pessoalmente, ela tinha a mesma altura que eu, Peter pode confirmar isso. A mulher que aparece no video é bem mais baixa.
- Você e Jessica tem a mesma altura? – diz o advogado que logo abre um sorriso – então isso inocenta você, a mulher do video é claramente mais baixa que Jessica. Vou agora mesmo falar com o detetive, você será solta em breve.
Ainda no mesmo dia, o carcereiro, seguido do advogado e do detetive entra na cela de Valkyrie e eles medem sua altura. No resultado da autópsia, consta que Jessica media 1,64 de altura, enquanto Valkyrie mede 1,65. A mulher do video, possível assassina de Jessica, segundo estimativas da equipe forense, mede cerca de 1,50. Valkyrie é solta e inocentada.
Na saída da penitenciária, uma mulher baixa vestida com calças e jaqueta pretas, luvas cirúrgicas e mascarada ataca Valkyrie. As duas lutam e quando a polícia corre para capturar a agressora esta foge, deixando uma fina trilha de gostas de sangue que lhe escorriam pela mão.
- Valkyrie, você está bem? – pergunta o advogado
- Sim, ela só me arranhou com sua faca, mas eu consegui empurrar a faca na direção dela. As luvas dela rasgaram, acho que cortou a mão.
- Vem, eu te levo até sua casa.
Valkyrie agradece e o advogado a deixa na frente do prédio onde mora. Ela sobe para seu apartamento e, para sua surpresa, Peter está lá.
- Você está aqui – comenta Valkyrie ao ver Peter mexendo na coleção de CDs, cassetes e vinis.
- Eu moro aqui – responde Peter calmamente sem nem ao menos olhar para Valkyrie.
- É claro...
Valkyrie vai para o quarto sem dizer uma palavra. Ao perceber Peter vai atrás. Quando ele entra no quarto, Valkyrie está fazendo a mala.
- Pra onde você vai? – pergunta ele
- Eu não sei ainda
- Mas por que vai sair de casa?
- Eu deveria ficar? Você não me quer aqui, não depois do que você disse na última vez que nos vimos.
- Por falar nisso, o que aconteceu? Por que deixaram você sair? – pergunta Peter sentando-se na cama.
- O advogado e eu analisamos aquele vídeo e, bom, a assassina é muito mais baixa que Jessica. E como Jessica tinha a mesma altura que eu...
- Então a investigação voltou à estaca zero...
- Na verdade não. Quando eu saí da penitenciária, eu fui atacada. É bem provável que tenha sido a assassina. Ela fugiu, mas deixou rastros de sangue. Então acho que se eles coletarem algumas amostras daquele sangue eles podem chegar a algum lugar...
Por algum tempo nenhum dos dois fala nada. Valkyrie termina de arrumar sua mala.
- Adeus Peter – diz ela dirigindo-se a porta
- Eu não quero que você vá embora – diz ele levantando-se
- Por quê? – pergunta ela ainda de costas para ele e com uma mão na maçaneta.
- Porque eu te amo! – Peter puxa Valkyrie pelo braço, fazendo-a virar-se de frente para ele e fazendo-a soltar a mala, a agarra pela cintura e a beija intensamente.
Horas mais tarde, Peter e Valkyrie estão deitados nus na cama, Peter abraça Valkyrie.
- Lembra que na noite que você foi presa eu ia te perguntar uma coisa e os policiais chegaram bem quando eu ia fazer a pergunta?
- Lembro. O que ia me perguntar?
- O mesmo que vou perguntar agora – Peter solta um dos braço e pega uma caixinha em seu criado mudo, depois volta a abraçar Valkyrie e lhe mostra a aliança – você quer casar comigo?
- Sim – responde Valkyrie emocionada sem conseguir conter um largo sorriso – sim eu quero casar com você
Peter coloca a aliança em Valkyrie e eles beijam-se novamente. No dia seguinte eles anunciam publicamente o noivado.
Alguns dias mais tarde, eles saem juntos para ir para o estúdio. Peter volta para pegar algumas letras de música que esquecera em seu escritório. Ao voltar para o estacionamento, ele vê Valkyrie ser atacada por uma pessoa baixa que logo em seguida foge.
- VALKYRIE, NÃO! – grita Peter correndo até sua noiva. Ela foi esfaqueada no lado esquerdo da barriga, logo acima da pélvis, mas está consciente.
- Peter, era ela, a assassina
- Eu vou te levar para o hospital, depois resolvemos essa outra questão.
Peter pega Valkyrie nos braços e a coloca no carro. No hospital, enquanto Valkyrie é operada, Peter relata para outro médico o que aconteceu. A polícia é chamada e, Peter presta depoimento. Posteriormente, Valkyrie prestaria depoimento também.
...
Depois de casarem, Valkyrie e Peter compraram uma casa onde construíram uma grande galeria para colocar toda a sua coleção. O outro motivo pelo qual decidiram pela casa, foi o desejo que ambos compartilhavam por ter filhos.
Em uma manhã, Valkyrie espera por Peter na garagem, quando, de relance, ela vê uma silhueta baixa mover-se pelo quintal escondendo-se por entre as árvores. Valkyrie pega o celular e escreve uma mensagem para Peter.
“Chame a polícia. A assassina está aqui!”
“Você tem certeza?” – escreve Peter.
“Sim”
Peter chama a polícia e vai ao encontro de Valkyrie. Ao chegar à porta da garagem ele percebe movimento no quintal e, decide averiguar. A polícia chega ao mesmo tempo em que Peter vê Valkyrie no quintal lutando com a assassina. Ao perceber a presença dos policiais, a assassina crava sua faca no peito de Valkyrie e foge. Os policiais iniciam uma perseguição que termina com a assassina sendo baleada por eles e morrendo.
Valkyrie é levada ao hospital, mas a faca atingira seu coração, de modo que, suas chances de sobrevivência são praticamente nulas. Depois de Valkyrie permanecer em coma por mais de seis meses, os médicos tem a difícil conversa com Peter sobre desligar os aparelhos que a mantém viva. Já não há mais o que fazer. Peter concorda. Os aparelhos são desligados. Peter permanece ao lado de Valkyrie.
- Valkyrie, eu, eu nem sei se você pode me ouvir, mas eu preciso te dizer, eu estaria perdido se você não estivesse aqui comigo por todo esse tempo desde a Jessica se foi – Peter começa a chorar – mas agora eu não sei o que será de mim, eu, eu não sei se conseguirei viver sem você. Eu preciso de você...
- Estou aqui Peter, eu estou aqui com você...
Peter olha repentinamente para o rosto de Valkyrie, havia escutado sua voz falando com ele, mas Valkyrie ainda está desacordada. Estaria Peter tendo alucinações? Sem entender o que acontecera, Peter levanta-se e beija Valkyrie, um beijo de despedida. Peter ainda inclinado sobre o corpo de Valkyrie sente as mãos dela em seu cabelo e nuca. Ele abre os olhos e vê dois olhos verdes lhe encarando. Peter assusta-se e afasta-se em um pulo. Valkyrie vira o rosto na direção de Peter.
- O que houve? - pergunta ela calmamente, está meio desnorteada – parece que viu um fantasma.
- Eu, eu... Você, você acordou... Você estava morrendo...
- O que aconteceu comigo? Eu só lembro-me de ser atacada em casa e uma faca no meu peito... Aí eu não conseguia me mexer, eu só conseguia escutar você e outras pessoas conversando...
Peter explica o que aconteceu com Valkyrie, o tempo que ela ficou eu coma e o destino da assassina. Valkyrie conta sobre a manhã que fora atacada, que a assassina lhe disse que queria que Peter estivesse livre para ela, por isso ela matou Jessica e, devido a Peter ter ficado muito próximo de Valkyrie, a assassina resolveu tentar incriminá-la pelo assassinato de Jessica e, quando isso não deu certo, ela resolveu matar Valkyrie também. Valkyrie também conta que estava consciente há muito tempo, mas que não conseguia se mexer. Os médicos posteriormente explicariam o que aconteceu com Valkyrie. Dias mais tarde, Valkyrie pode voltar pra casa com Peter e, desde então eles não separaram mais.
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